Publicação da
Associação dos Docentes da
UFRRJ - Seção
Sindical do Andes-SN
Filiada à CUT
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Nº 47
18 de março de 2003
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ADUR
Informa - Publicação da Associação dos Docentes da
UFRuralRJ.
Conselho Editorial: Abner Chiquieri, Áurea
Echevarria, Luciana Nóbrega, Luiz
Mauro, Nídia Majerowicz, Valdomiro Neves, Ricardo Berbara.
Edição e editoração:
Regina Rocha
(Reg. 16269/MTb).
Texto:
Ana Manuela Soares.
Fotos:
Lenin Pires.
As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho
Editorial. |
Passeata de 13/3, em
Teresina: manifestação docente
contra a Reforma da Previdência no governo Lula. |
Debate
promovido pela ADUR, em 26/2 |
Com o voto
de 216 delegados, o XXII Congresso Nacional do ANDES-SN aprovou,
em dia 13/3, o indicativo de greve contra a tramitação da PL-09. A
proposta será, a partir de agora, debatida pelas seções sindicais.
Segundo os prazos estabelecidos pelo
Poder Executivo, o PL-9 deverá ser encaminhado ao Congresso nas
proximidades da Semana Santa. Vinte e nove delegados rejeitaram a
proposta de indicativo de greve; 23 se abstiveram, com declaração
de voto.
A professora Celi Taffarel,
Secretária-Geral do ANDES, e o professor Rodrigo Souza Dantas, da
ADUnB, defenderam a greve focando a resistência ao neoliberalismo
e não uma luta política ao governo recém-eleito: “A maioria, aqui,
votou neste governo e votou pelo rompimento com essa política. A
greve se faz contra a apropriação, pelo mercado, da poupança dos
servidores”, afirmou Rodrigo.
As maiores divergências foram observadas
com relação ao tempo. A Diretoria sugeriu que o encaminhamento
junto às bases se dê a partir de agora e o grupo oposicionista
rechaçou a proposta, defendendo o indicativo de greve para depois
da aprovação da lei. “A grande questão é o que significa o
indicativo de greve. A mídia vai entender isso como um rompimento
com o governo. O ministro Berzoini (da Previdência) disse que está
aberto para as negociações e, se o governo insistir em apresentar
a PL-9, vamos ter instrumentos de luta com o indicativo de greve”,
disse o professor Fernando Pereira, membro da Direção da ADUFG. A
proposta da Diretoria foi vitoriosa e os professores, já a partir
desta semana, devem debater o indicativo em assembléias por todo
país.
Evento marcado pela
resistência
O 22º
Congresso do ANDES-SN, realizado a pouco mais de 60 dias da posse
do primeiro governo de características populares do Brasil, foi
marcado pela resistência contra a Reforma da Previdência, uma
medida iniciada no governo FHC e que o atual governo parece ter
abraçado. Por isso mesmo os participantes não economizaram
palavras de ordens e iniciativas praticadas contra o
neoliberalismo nos últimos anos.
Reafirmando a independência do movimento
dos professores em relação ao governo Lula, os congressitas se
solidarizaram com o MST, enviando uma comitiva ao acampamento de
Sem-Terras “Nova Esperança”, a 20 km de Teresina. O objetivo foi
renovar o apoio à reforma agrária em um momento onde se observaram
fortes ataques da imprensa aos Sem-Terra.
O congresso decidiu ainda indicar à CUT
a não participação no Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social Urbano (CODES). Embora seja um órgão consultivo, seus
membros são escolhidos pelo próprio governo e não pela sociedade
civil.
O ponto alto, porém, foi a primeira
manifestação de uma categoria contra iniciativas do governo Lula.
Logo após a aprovação do indicativo de greve, uma passeata
promovida pelo ANDES-SN e MST, com apoio da ADUFPI, reuniu mais de
400 pessoas pela avenida Frei Serafim, uma das principais da
capital Teresina. Cantando “Lula, votamos em você; retire o PL que
é de FHC”, os manifestantes levaram faixas de protesto contra a
Reforma da Previdência, contra a guerra ao Iraque, em defesa da
educação pública e por Reforma Agrária já.
A manifestação foi encerrada com ato
público em frente à sede do governo estadual, para exigir do
governador Wellington Dias (PT) que ele se posicione contra o
PL-09, na próxima reunião dos governadores. O representante do
MST-PI, Chiquinho, lembrou a importância da universidade na
transformação da sociedade. “Estamos na luta porque vamos precisar
da universidade para os nossos filhos e netos que vão crescer”,
afirmou. O presidente do ANDES-SN, Luiz Carlos Lucas, encerrou o
ato afirmando que o Sindicato luta “por uma seguridade para todos
os cidadãos e não para atender aos interesses especulativos”.
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ASSEMBLÉIA GERAL
DIA 19/3,
QUARTA-FEIRA, ÀS 13H 30,
NO GUSTAVÃO.
PAUTA:
INFORMES, REFORMA DA PREVIDÊNCIA (PL 09/99), APRECIAÇÃO DO
INDICATIVO DE GREVE APROVADO NO CONGRESSO
DO ANDES-SN, ELEIÇÃO DE DELEGADOS À PLENÁRIA DOS SPF (23/3)
E ELEIÇÃO DE DELEGADOS AO CONGRESSO ESTADUAL
DA CUT E ASSUNTOS GERAIS |
Estamos
a poucos dias do término do segundo semestre letivo de 2002 e, como
já está em pleno andamento o terceiro mês do ano de 2003, ainda
sentimos na pele (temperatura média de fevereiro de aproximadamente
350C) e em nossas salas de aula e laboratórios (um número crescente
de evasão discente nesse semestre bianual), os resultados da herança
das políticas do ex-Ministro da Educação, Paulo Renato de Souza e do
governo FHC para as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES).
Felizmente, esses senhores não estão mais
em Brasília e, no Ministério da Educação, parece que uma nova
política está sendo proposta, quando, no dia 13 de fevereiro, ao
falar para o portal Universia, sobre o papel das Instituições de
Ensino Superior no Brasil, o Ministro Cristovam Buarque afirma: “A
universidade representa o pilar para duas coisas: a construção de um
futuro, para que este país tenha autonomia plena graças ao saber que
ele cria, à ciência e à tecnologia; e o envolvimento da universidade
para superar o quadro de pobreza em que vive uma imensa maioria da
população. Ambos têm a mesma importância e urgência e devem ser
priorizados juntos, para construir a futura inteligência brasileira
e para ajudar o povo a sair da tragédia social em que vive”.
Especificamente quanto às IFES, afirma: “Estamos trabalhando com
empenho nas duas propostas emergenciais das universidades públicas,
a burocrático-administrativa e a de falta de recursos para
contratação de professores, servidores e equipamentos. Em breve
teremos uma proposta para isso. Na linha da desburocratização e
autonomia, vamos ter uma boa surpresa. Uma nova forma de eleição de
reitor vai vir em breve, mantendo a eleição direta e democrática, é
claro.”
Tais propostas, ditas emergenciais, já
haviam sido aceitas pelos reitores das Universidades Federais em 24
de janeiro último, no encontro com o Ministro da Educação, em Porto
Alegre. Nesse encontro promovido pela Associação dos Dirigentes das
IFES, ficou decidida a criação de três grupos de trabalho: 1) para
fazer um levantamento da infraestrutura das Universidades federais
para saber quais equipamentos e obras são urgentes; 2) para estudar
necessidades emergenciais de ocupação e criação de vagas para
estudantes universitários, a instalação de cursos noturnos nas
Universidades e como elas podem engajar-se nos dois grandes projetos
do governo federal: Fome Zero e erradicação do analfabetismo: 3)
para apresentar proposta como base inicial para discutir a nova
Universidade brasileira (Universidade XXI).
Acreditamos que na formulação de planos e
projetos de erradicação do analfabetismo e da fome, as IFES têm um
papel fundamental, devido aos seus métodos de investigação
científica e de formação de mão-de-obra altamente qualificada, em um
ambiente de autonomia plena. Nesse sentido, preocupanos,
sobremaneira, a afirmação do atual presidente da ANDIFES, professor
Paulo Speller, manifesta no artigo “Cinco Metas para o Ensino”, na
coluna Universidade e Sociedade do Rural Semanal 05, ano X, da
semana de 17 a 23 de fevereiro último, ao afirmar: “A autonomia dará
às universidades maior liberdade de decisão. Elas ficariam livres,
inclusive para firmar convênios e contratos com instituições
públicas ou privadas. Uma fonte alternativa de recursos capaz de,
finalmente, tirá-las da míngua.”
Decididamente, o modelo de autonomia para
as IFES não pode ter o caráter de surpresa (boa ou má), pois deve
ser discutido amplamente por todos os segmentos da comunidade
universitária e ter seu fundamento no Art. 207 da Constituição
Federal e não no chamado “mercado”. Nessa direção, cabe aos
Conselhos Superiores de Ensino, Pesquisa e Extensão das IFES e, em
particular ao CEPE-UFRuralRJ, que traça as políticas das
atividades-fim em nossa Universidade, a elaboração de um calendário
de reuniões e encaminhamento dessas propostas para toda a comunidade
universitária, sob pena de, em não o fazendo, continuar aprovando
abertura de cursos, priorizando alocação de vagas e decidindo
unilateralmente os destinos de nossa Universidade, sem verificar
como hoje estamos sobrevivendo (basta consultar a imensa maioria de
docentes substitutos em regime de 20 horas semanais), se as
contrapartidas estabelecidas com o MEC estão sendo efetivamente
garantidas.
CATEGORIAS PROMETEM
PARALISAR CASO
PROJETO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
NÃO SEJA ARQUIVADO
O lançamento
da Campanha Salarial 2003 lotou o Auditório Nereu Ramos, na Câmara
dos Deputados, em Brasília, na quarta-feira, 19 de fevereiro.
Parlamentares e representantes do governo prestigiam o ato.
Rogério Marzolla, representando a
Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais (CNESF),
destacou a suspensão do pagamento da dívida externa e a luta contra
a Reforma da Previdência como eixos fundamentais da campanha. Quase
1000 militantes e ativistas sindicais estiveram presentes. Os
professores estiveram representados por 18 seções sindicais.
Após o ato, representantes das entidades
foram recebidos em audiência pelo ministro Chefe da Casa Civil, José
Dirceu para entregar a pauta aprovada na Plenária. “Os
representantes da CNESF reiteraram que os SPF não podem mais
continuar como responsáveis pelos descaminhos das políticas
governamentais, muito menos num governo democrático e popular”,
comenta relatório do ANDES-SN.
Dirceu responsabilizou a herança do
governo Fernando Henrique, para justificar a reforma previdenciária.
Sobre o Projeto que regulamenta os Fundos de Pensão (PL 9/99), o
ministro considerou improvável que fosse arquivado, já que seria
utilizado para negociações e articulações do governo com as bancadas
no Congresso.
A maior plenária dos
últimos anos
Em uma Plenária com a participação de 259
delegados e 38 observadores de diversas entidades, entre elas o
Andes-SN e a ADUR, o movimento dos servidores públicos federais, no
dia 18 de fevereiro, em Brasília, definiu sua pauta de
reivindicações para a Campanha Salarial 2003. De acordo com a
delegada da Seção Sindical, professora Ana Maria Dantas Soares, a
super plenária indica um intenso estado de mobilização das
categorias diante, principalmente, da proposta de Reforma da
Previdência nos moldes em que está sendo apresentada pelo governo. A
intenção de aprovar o Projeto de Lei 9/99, que regulamenta os Fundos
de Previdência Complementar para os servidores, foi um dos alvos de
maior crítica nas análises feitas pelos delegados das entidades
nacionais e locais sobre o início do novo governo. Um dos principais
encaminhamentos aprovados na Plenária foi um indicativo de
paralisação caso o PL seja encaminhado para votação na Câmara dos
Deputados.
Reajuste de 46,95%
O Setor das Federais e a Plenária dos
Servidores aprovaram a atualização do índice emergencial de
reposição salarial para todas as categorias do funcionalismo
federal. O índice aprovado calculado pelo Dieese, corresponde às
perdas entre junho de 1998 a abril de 2003.
Incorporação
Sobre a recomposição salarial, os docentes
aprovaram no Setor das Federais a reivindicação pela incorporação de
todas as gratificações, inclusive as produtivistas GID e GED –
Gratificação de Incentivo à Docência, recebida pelos professores de
1º e 2º graus; e a Gratificação de Estímulo à Docência, recebida
pelos da carreira do ensino superior. A incorporação da GAE -
Gratificação por Atividade Executada - significaria o acréscimo de
160% no salário base, percentual, que apesar de histórico, ainda
pode ser reduzido ou retirado dos contracheques a qualquer momento.
MINISTRO ACHA IMPROVÁVEL GOVERNO ARQUIVAR
PL 09/99
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ADUR
reorganiza Grupos de Trabalho
ASSEMBLÉIA
ELEGE DELEGADOS
AO CONGRESSO |
Na Assembléia Geral realizada em 13 de
fevereiro, foram organizados dez Grupos de Trabalho, com um grande
número de participantes em alguns deles. A novidade ficou por conta
da criação do Grupo de Trabalho, Cultura e Lazer. A professora Ana
Maria Dantas, que não faz parte do GT, apesar de ser entusiasta
deste trabalho, diz que a proposta do grupo é canalizar o potencial
de organização dos docentes, através de atividades que extrapolem as
reuniões de trabalho e assembléias. Famosos pela organização de
Festas Juninas, os docentes da Rural do Rio de Janeiro pretendem,
através do novo GT, combinar discussão política com atividades
culturais e de lazer. “Às vezes o professor tem dificuldades para
participar regularmente das assembléias e atividades do sindicato,
pois muitos moram no Rio ou em Campo Grande, e uma atividade
cultural em um fim de semana, por exemplo, pode criar maior
oportunidade de encontros entre os docentes”, comenta a professora,
confiante no sucesso do grupo.
Ana Dantas informou que, assim que os
professores voltarem do recesso de férias, em abril, os grupos
estarão organizando seus calendários de trabalho, e a entidade fará
a divulgação das reuniões e encontros.
A Assembléia Geral do dia 13 de fevereiro
também elegeu os delegados para o 22-º Congresso Nacional do
ANDES-SN, realizado de 8 a 13 de março, em Teresina, no Piauí. Foram
delegados eleitos os professores Nídia Majerowicz (indicada pela
diretoria da S.Sind), Valdomiro Neves Lima, Ricardo Motta Miranda,
Luciana de Amorim Nóbrega, Rômulo Garcia de Andrade e Luiz Mauro
Sampaio Magalhães (estes indicados pela base).
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A privatização da Previdência
DEBATE ALERTA CATEGORIA
PARA CONTEÚDO PRIVATIZANTE DA REFORMA
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Esse
é um dos importantes papéis de uma entidade de classe: municiar os
trabalhadores, através de debates e informação, com argumentos
consistentes, contras os ataques que lhes são desferidos. O debate
que a ADUR promoveu, dentro do ciclo de palestras proposto pela
Regional Rio do ANDES-SN, sobre a reforma da Previdência, no dia
26/2, na sala 82 do P1, com José Miguel Bendrao e
Sara Granemann,
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professores da UFRJ e do GT de Seguridade
Social do ANDES-SN, deixou claro que o que está em jogo são bilhões
de dólares transferidos do setor público para o privado.
Um verdadeiro filão pode ser aberto com o
PL 9/99, o projeto que o governo pretende ver aprovado e já se
encontra em fase final de tramitação na Câmara. Esse projeto
estabelece um teto para o funcionalismo, com a adoção da Previdência
Complementar. Além da quebra da paridade entre ativos e aposentados,
seja com os fundos de pensão ou com o seguro dos bancos, vão ser
rios de dinheiro deslocados para o mercado financeiro.
Miguel abordou as propostas que estão em
jogo e Sara apontou alternativas e a necessidade de resistência,
lembrando que é fundamental ter claro que as políticas de proteção
aos trabalhadores têm origem na sua luta, muitas vezes custaram
vidas e não são benesses da classe dominante.
O professor explicou que a Seguridade
Social é mantida pela folha salarial, com os encargos para a
Previdência, mas também sobre o faturamento, através de
contribuições com o Confins, Contribuição sobre o lucro líquido,
CPMF e outras formas de arrecadação que sustentam despesas do SUS,
assistência social e a Previdência (as aposentadorias e benefícios
são a conta mais alta).
A Previdência Social é um sistema nacional
público, de repartição: a arrecadação é com base na contribuição dos
ativos, e as despesas, com o pagamento dos inativos. Com tudo isso,
não há déficit, mas, na verdade, há superávit. Se o governo não
destinasse parte desses recursos para pagar a dívida externa, as
contas poderiam ser outras.
Para José Miguel, portanto, o problema de
déficit parte da arbitrariedade do cálculo. Ele lembra que a partir
de 1990, com o RJU, o servidor passou a contribuir com o PSS. Quando
passou a contribuir, passou a aparecer o déficit. Uma prova que o
tal déficit não é matemático, é conceitual.
Mesmo assim, segundo o próprio governo, o
déficit é administrável, sendo necessários alguns ajustes justamente
na Previdência do servidor. Uma das propostas é o estabelecimento de
um teto e a adoção de um regime complementar. E a Previdência pode
então ser privatizada.
Mas alguns, lembra Miguel, apontam como
solução mágica para o tal déficit a capitalização, em que cada um
contribui para sua própria aposentadoria. Sara acrescenta que é um
importante negócio transnacional que movimenta somas da ordem de
bilhões.
Em 1996, conta ela, a previdência
complementar aberta (a dos bancos) tinha acumulado um capital de R$
3 bilhões. Em dezembro de 2002, depois de campanhas agressivas de
ataques à Previdência, colocando em xeque o futuro das próximas
gerações, saltou para R$ 31 bilhões.
O mercado calcula que em 2012 a
previdência complementar fechada (a dos fabulosos fundos de pensão)
vá movimentar entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões, ou 70% do PIB,
enquanto hoje envolvem 15% a 17% do PIB.
“Um crescimento bastante interessante para
os donos do negócio e bastante desinteressante para nós, que seremos
submetidos a essa lógica, pois, em muitos países, os fundos de
pensão não têm conseguido honrar seus compromissos, na hora da
aposentadoria”, resumiu a professora.
No Chile, por exemplo, a privatização da
Previdência foi completa. Hoje, o valor que deveria ser pago ao
segurado simplesmente não existe em muitos fundos, e o Estado paga
pensões e aposentadorias até 100 dólares. É uma previdência de
risco: a pessoa sabe quanto contribui, mas não sabe quanto vai
receber. Fundos de Pensão, que, vale a pena lembrar, investem em
ações de empresas, que, por sua vez, especulam com a exploração do
trabalhador, para aumentar a lucratividade do negócio.
“Fundos de Pensão do capital financeiro
não servem para a gente. Servem-nos a solidariedade de classes e a
repartição simples. Ou um número de conta no banco deve sugerir mais
segurança que essa solidariedade de classes e a defesa do
trabalho?”, questiona Sara.
Há anos, trabalhadores da França e de
outros países da Europa impedem a contra-reforma da Previdência.
“Essas propostas precisam ser barradas e a iniciativa imediata deve
ser barrar o PL 9/99”, disse Sara, reafirmando que o cassino
financeiro não é seguro para jogarmos toda a aposentadoria.
SÓ
COM PRESSÃO
Além de José
Miguel e Sara, Salete Braga da Trindade, da ADUR, Janete Luzia
Leite, da Regional Rio do ANDES-SN e Estevan Fernandes de Moura, do
SINTUR, compuseram a mesa do debate. Moura lembrou que a Fasubra tem
orientado a realização de seminários para preparar a categoria para
o enfrentamento de tais propostas. O público participou ativamente,
colocando questões e proposições como a concepção de Estado que está
em jogo, exemplos desastrosos como do Chile e a origem da proposta.
Janete Luzia comentou a grande
participação da categoria na Plenária Nacional e no lançamento da
Campanha Salarial 2003. O ANDES-SN esteve representado por 18 seções
sindicais, inclusive a ADUR-RJ. Logo após as manifestações, as
entidades da Coordenação Nacional dos SPF foram procurados pelo
governo, o que, para Janete, mostra que é com pressão que se pode
obter conquistas. Ela explicou que está sendo organizado junto à CUT
e à coordenação estadual dos SPF um grande ato, dia 20 de março, no
Rio de Janeiro, com estudantes, técnico-administrativos e docentes.
No dia 23, há nova plenária em Brasília. Janete lembrou ainda que a
plenária aprovou paralisação, caso o PL 9/99 seja aprovado, e que
“está na mão da gente dar conseqüência a essa vontade, de um
coletivo que vai parar se for preciso”.
REPERCUSSÃO
“O
fundamental foi a politização do tema. Nós somos atraídos para um
debate de contas que omitem uma dimensão política. Esse debate
estabeleceu parâmetros de análise fundamentais para a ação concreta
do movimento sindical em geral, e no serviço público em particular”.
Rômulo Andrade, Professor Adjunto 4,Curso de História
“O debate foi esclarecedor acerca da
lógica que está colocada. A proposta do governo para a Previdência,
a meu ver, não foi debatido no processo eleitoral. Muita gente está
se sentindo lograda. Eles pensam aposentadoria como um mínimo para
sobrevivência na velhice, diminuindo o padrão de vida conquistado
com uma vida inteira de trabalho. Por outro lado, tanto os idosos
gastam, por exemplo, com a manutenção da saúde, como ajudam nas
rendas familiares, atingidas pelo desemprego”. Fernando
Carneiro Peixoto de Oliveira, Assistente em Administração, Decanato
de Graduação.
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ARROMBAMENTO
E FURTO NO ICHS |
Na manhã do
último dia 20/2, quando chegaram para mais um dia de trabalho,
professores, funcionários e estudantes tiveram uma surpresa
desagradável: o Instituto de Ciências Humanas e Sociais havia sido
alvo da ação de ladrões. Atrás de portões e portas arrombadas, um
tremendo estrago: dez computadores foram levados e, com eles, anos
de trabalhos acadêmicos, entre pesquisas, planos de aulas,
dissertações de mestrado e teses de doutorado. A pedido da segurança
do campus a polícia federal esteve no local. Não há, até o momento,
indicação de suspeitos para o roubo. |
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Estado de choque
O cenário da violência é o anexo 1 do ICHS, que abriga o
Departamento de Letras e Ciências Sociais, os cursos de História,
Economia, salas de professores, entre outros. Os cadeados dos
portões de ferro foram serrados e várias portas foram arrombadas. “É
a terceira vez em um ano”, indigna-se a professora Luciana Nóbrega.
Um dos primeiros a chegar ao local, José Paulo
de Souza, professor de Extensão Rural, disse que demorou para
acreditar no que sucedera. Sua sala, compartilhada com outros dois
professores, foi arrombada a pontapés e de seu interior foram
levados dois computadores. Souza lamenta a perda de um banco de
dados e de parte significativa de sua tese de doutorado que ainda
não tinha arquivado em disquetes. “É uma sensação de perda muito
grande. Trabalhos acumulados há anos. Fiquei em estado de choque”,
afirmou o professor.
Conhecimento
Uma coisa parece certa: os ladrões sabiam bem o que
roubar. Afinal, foram levados os melhores equipamentos, com maior
capacidade de armazenamento, com muita memória (um deles tinha 256
Mb) placas velozes e itens importantes, como gravador de CD. Um
equipamento alocado no DLCS, que se encontra com defeito há meses,
foi deixado intacto. |
Intrigante mesmo foi o roubo ocorrido na sala
do professor Marcelo Álvaro. Os ladrões desmontaram o gabinete da
CPU e levaram apenas o HD com sua tese de doutorado. Detalhe: foram
levados também os CD onde foram gravadas cópias de seu trabalho. Já
na sala 26 outros dois computadores foram levados, além de uma
impressora recém-adquirida e que se encontrava na caixa. “Nos dois
primeiros roubos, só o DLCS foi atingido. Desta vez, outros
departamentos foram atingidos”, afirmou Luciana, que cobrou da
diretoria do ICHS que se tome como providência imediata o registro
de queixa na polícia federal. “Nas duas vezes anteriores isso não
ocorreu”, disse. O diretor não foi encontrado para comentar o
assunto.
70 vigilantes para maior campus da
AL
O diretor da
Divisão de Guarda e Vigilância, Renato Luís Evaristo dos Santos,
disse que sua equipe se desdobra para atender os 3.200 hectares do
campus, mas que seriam necessários investimentos que possibilitassem
a prevenção de ações como a do ICHS. “Somos um efetivo de 70
vigilantes para cuidar de 62 prédios. Com um efetivo tão reduzido,
seria necessário pelo menos a implantação de novas tecnologias”,
afirma Renato, que é Coordenador Regional de Vigilância
Universitária da FASUBRA.
Ele diz ainda que seria necessário um mínimo
de 150 homens treinados, aliado a um aparato tecnológico atualizado
– câmeras de vídeo, sensores de presenças, adesivos de acessos para
automóveis, entre outras iniciativas - para melhor atender “a maior
universidade em área da América Latina”. Adaptada à realidade
corrente, a DVG apresentou um projeto de melhorias para a segurança
à administração e a demais dirigentes universitários. Não teve
resposta até o momento.
Para operar 24 horas por dia, os vigilantes da
DVG são organizados em 3 escalas diferentes: 24h/72h; 12h/36h e
outros, diariamente, no horário administrativo. Estes últimos atuam
nos prédios a que tem acesso toda a comunidade local, facilitando o
controle. No horário noturno, segundo Renato, os prédios
considerados principais, como o P1, Setor de Transporte e
Prefeitura, são guardados diretamente; para vigiar os outros, são
realizadas rondas ostensivas. Para estas, são utilizados 2 carros e
4 motos, submetidos a um sistema de racionamento de combustível, que
restringe a ação da vigilância. Todos os veículos só podem utilizar
cerca de 560 litros por mês.
Evaristo avalia que o campus é utilizado
diariamente por cerca de 15 mil pessoas, entre membros da comunidade
acadêmica e populares. Após a emancipação de Seropédica, além de
agências bancárias (a do Banco do Brasil, por exemplo, só existe na
Rural), a população, muitas vezes, procura os serviços dos correios,
ou mesmo os eventos realizados pela Prefeitura no interior do
campus.
O diretor da DVG afirma que o setor tem apoio
da administração central, o que permitiu à instituição o Certificado
de Cadastro junto ao Ministério da Defesa, o Certificado de
Segurança e o porte federal de armas, expedidos pela Polícia
Federal. Até o momento, porém, os responsáveis pela administração da
UFRRJ não se posicionaram sobre o projeto apresentado pela DVG, onde
consta um diagnóstico dos problemas de segurança da Rural e
propostas de soluções.
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REITORIA
É OBRIGADA A FAZER ACORDO COM
SUBSTITUTO |
Em 17/2/2003, a Procuradoria da UFRRJ
propôs um acordo conciliatório ao ex-professor substituto da Rural,
Pedro Davi Montes Mireles, que acionara a Universidade, com o apoio
da ADUR-RJ: pagar os meses de janeiro e fevereiro de 2002, devidos
ao professor. Esses pagamentos, porém, seriam sem juros e correção
monetária. Apesar da insensibilidade da Reitoria, Pedro aceitou a
proposta, por entender que havia conquistado seu principal objetivo:
uma reparação no campo moral.
Em 26/2/2002, o professor substituto Pedro Davi Montes Mireles, foi
dispensado da UFRRJ. Diferente de outros 33 profissionais na mesma
condição, ele não teve renovado contrato a partir de 1º de janeiro.
A Reitoria alegou problemas administrativos, uma vez que o
professor, que é peruano, não havia recebido o visto de permanência,
razão pela qual, na opinião dela, não deveria nem ter sido
contratado. Na verdade, Mireles, que é casado há anos com uma
brasileira, vinha cumprindo todas as exigências do Ministério da
Justiça para a concessão do visto. Ter emprego registrado em
carteira, por exemplo.
Durante dois meses, enquanto Mireles e outras pessoas solicitavam às
autoridades governamentais que concluíssem o processo, a Reitoria
simulou negociar a permanência de Pedro com a chefia do Departamento
de Letras e Ciências Sociais. Quando saiu o visto, em 24/1/2002, a
Reitoria parecia concordar com a renovação. Mais de um mês depois,
porém, sua chefia foi informada que Pedro não podia mais entrar na
Universidade. Foi exonerado sem sequer receber os dois meses que
trabalhou, aguardando uma solução. Vários membros da comunidade
viram na ação da Reitoria uma retaliação ao professor, que fora um
destacado ativista da greve de 2001, sobretudo no projeto de
interiorização de Três Rios.
“Para mim, o mais importante foi que se fez uma reparação moral”,
disse ele. Afinal, a Reitoria chegou a publicar, em março de 2002,
em seu boletim Rural Semanal, que ao contratar Mireles,
“havia incorrido, assim como o referido professor, em uma clara
ilegalidade em todo o período”.
Sem ressentimento, Pedro se mostrava satisfeito com o desfecho, por
esclarecer que sua disposição era, justamente, legalizar sua
situação no País. Ele agradeceu o apoio manifestado pelos demais
docentes em assembléia geral, que lhe valeu a assistência da
Assessoria Jurídica da ADUR-RJ.
PROFESSOR
QUERIA REPARAÇÃO MORAL
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É com pesar que
comunicamos a morte — ocorrida de forma brutal no dia 14/2 — da
nossa funcionária Maria de Carvalho Martins,
61 anos, e seu filho Périquez de Carvalho Martins, de 35 anos.
Os funcionários e coordenadores da ADUR estão tomados de
profunda tristeza. Depois de nove anos trabalhando na entidade,
a funcionária, empenhada e atenciosa, era muito mais do que a
auxiliar de serviços gerais. Muito séria, simples, calma,
carinhosa e cumpridora dos seus deveres, era uma amiga. “Além de
suas funções, colaborava sempre com os demais, com vontade de
agradar. Era muito querida por todos aqui”, dizem os colegas,
desejosos de que a paz de Deus esteja com Maria, seu filho e
familiares. |
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