ADUR Informa
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ANO
23 |
Nº 39 |
19/4 A 3/5 |
2002 |
Seção
Sindical do ANDES-SN Filiada
à CUT |
ADUR
Informa - É uma publicação da Associação dos Docentes da
UFRuralRJ.
Conselho Editorial: Abner Chiquieri, Áurea
Echevarria, Luciana Nóbrega,
Nídia Majerowicz e Ricardo Berbara.
Edição e editoração:
Regina Rocha
(Reg. 16269/MTb).
As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho
Editorial. |
Governo
descumpre acordo e reduz
contratações. ANDES-SN propõe
paralisação dia 30/4
(página
2) |
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CTINFRA:
Rural pode ter R$ 2,5 milhões para
Pesquisa e Desenvolvimento
(página 3)
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ADUR
inaugura Fórum
de Debates |
Com o objetivo de construir um espaço de reflexão da atividade
profissional docente e sua vinculação com a dimensão política
em níveis nacional e internacional, a Associação de Docentes da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro está promovendo o Fórum
de Debates da ADUR-RJ. Na segunda-feira, 15/4, cerca de 150
pessoas assistiram ao primeiro debate que contou com as presenças
de Roberto Leher, professor doutor da UFRJ e presidente do
Andes-SN; Paulo Knauss, presidente da Coordenadoria de
Licenciaturas da UFF; Lucília A. Lino de Paula, professora do
DTPE, da UFRRJ, e membro da direção da Anfop e o Decano de
graduação da UFRRJ, Ildemar Ferreira.
O presidente do Andes-SN,
Roberto Leher, apresentou uma análise internacional sobre o
contexto educacional, destacando que as reformas sugeridas pelo
neoliberalismo, sobretudo para o chamado terceiro mundo, tem um
conteúdo de “simplificação da formação”. Desta forma, no
lugar de formar profissionais com conhecimentos solidificados e
capacidade crítica, apresenta-se como estratégia para estes
processos de formação o treinamento de mão-de-obra e a
subordinação à ciência e tecnologia formulada em outros países,
sobretudo àqueles ligados ao G7, detentores de 99% das patentes
mundiais.
Paulo Knauss apresentou a
experiência de êxito da UFF que vem, desde o final da década de
1990, apostando em um projeto coletivo de desenvolvimento das
licenciaturas, promovendo uma forte mobilização no interior
daquela universidade. Segundo Knauss, boa parte desse resultado se
deve ao fato de que a base das formulações encontram-se nas
produções dos movimentos sociais organizados e das entidades
acadêmicas,como a Anfop.
Lucília corroborou as análises
apresentadas e expôs que, em seu entender, os únicos momentos
nos quais se debateram as questões das licenciaturas foram as
duas últimas greves: “Nós estamos muito atrasados sobre esse
debate aqui na Rural”, afirmou. O decano Ildemar Ferreira saudou
a iniciativa da Adur-RJ em construir um fórum de debates,
iniciando o mesmo com a discussão de um tema de tamanha relevância.
Os temas abordados nos debates
do Fórum serão socializados com os professores através dos Cadernos
do Fórum, publicação específica que buscará disseminar as
reflexões construídas nesse espaço. Da mesma forma, serão
divulgados com antecedência os próximos debates. Fique atento!
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Página 2
Gastos
sociais diminuem na era FHC |
Os
sete anos de governo Fernando Henrique Cardoso deixaram um saldo
negativo para a área social. Os gastos com saúde e saneamento,
educação e cultura, trabalho e assistência e previdência
social, que em 1995 representaram 61,8% das receitas correntes, caíram
para 53,9% em 2001. Os dados são do Siafi (sistema de controle de
gastos do governo federal).
Educação
foi o setor mais afetado, com redução 15,5% no período – caiu
de R$ 14,1 bilhões para R$ 11,9 bilhões.
O orçamento de saúde e saneamento ficou praticamente
estagnado, com crescimento de apenas 5% no período, incluindo a
CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira),
criada para ampliar os recursos do setor. Em 1995 o setor recebeu,
em valores corrigidos, R$ 22,7 bilhões. Em 1996 os recursos caíram
para R$ 19,4 bilhões, voltando a subir para R$ 22,3 bilhões no
ano seguinte e chegando a R$ 23,9 bilhões no ano passado.
Com
assistência e previdência social o gasto ficou estagnado em 40%
da receita corrente. Em 1995 foram destinados para o setor 40% da
receita, e em 2001, 39%.
PIB
Também
em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), o governo reduziu o
percentual de gastos com a área social. Enquanto em 1995, os
recursos para saúde e saneamento corresponderam a 2,3% do PIB, em
2001 alcançaram apenas 2%. Já para educação e cultura os
recursos caíram de 1,4% para 1% do PIB, no mesmo período.
Desemprego
O
levantamento mostra ainda aumento de gastos com seguro-desemprego.
Em 1995, do total de R$ 5,7 bilhões do orçamento para a área do
trabalho, 46% foram utilizados com os desempregados. No ano
passado o setor recebeu R$ 7,4 bilhões, dos quais 65% foram para
o seguro-desemprego.
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IBGE
divulga
pobreza do trabalhador |
Na segunda quinzena de março o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas)
divulgou os recentes dados apurados na pesquisa realizada no ano
de 2001 referentes à renda do trabalhador brasileiro. A
pesquisa revela que os salário real do trabalhador, com
vínculo ou sem vínculo empregatício, encolheu. O
rendimento médio do trabalhador em 1997 equivalia a 6,7
salários mínimos. Cinco anos depois, o trabalhador está
ganhando, em média 4,4 salários mínimos.
O primeiro semestre de 2002 ainda nem fechou e os números
revelam que o rendimento da classe trabalhadora continua em
queda: já bate nos 4,3 salários mínimos médios. Sem
levar em consideração as perdas acumuladas durante o governo
FHC, o trabalhador sem vínculo perdeu 2,2% em relação ao ano
de 2001. Neste universo, o trabalhador com vínculo
empregatício perdeu mais: 7,1%. Por outro lado, a taxa de
desemprego, não recuou. Nos últimos cinco anos a taxa
aumentou em mais de 23%. (fonte: Agência
CUT)
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MPOG
intervém sobre acordo da greve |
O governo federal autorizou em 15/4 a abertura de concurso para
preencher 2.700 vagas no Ministério da Educação. São 2.200
vagas para funcionários técnicos de hospitais universitários e
500 para professores de instituições federais de ensino
superior. Trata-se de um flagrante desrespeito ao que foi acordado
na greve de 2001, cuja solução foi negociada entre os grevistas
nas IFES, o legislativo federal e o governo.
O Andes-SN pretende interpelar
o Secretário de Ensino Superior, Francisco Sá Barreto, sobre os
encaminhamentos que serão tomados pelo MEC para o cumprimento do
acordo que estabelecia pelo menos 2.000 contratações de
professores. Além disso, segundo Ana Lúcia Barbosa, diretora do
Andes-SN, está sendo construído um indicativo de paralisação
em 30/4, como protesto ao descumprimento de vários ítens do
acordo. Em 3 de julho encerra-se a possibilidade de contratação
de pessoal antes das eleições.
Decreto
pode aumentar número de contratados
Um decreto editado na primeira
quinzena de abril pode ajudar a aumentar o número de contratados.
Será permitido usar 50% a mais de pessoas aprovadas no concurso
para suprir novas vagas. Poderão ser chamados, portanto, mais
1.100 técnicos, além dos 2.200 e mais 250 professores, se
posteriormente o Planejamento autorizar novas vagas.
Estes
números, além de não refletirem os termos negociados na greve
de 2001, estão muito aquém das necessidades das universidades.
Segundo os cálculos do Andes-SN e da Andifes, entidade que reúne
os reitores das universidades federais, é necessário o
preenchimento por concurso de 8.500 vagas docentes.
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Licença-prêmio
e aposentadoria |
Desde
março de 2001 o servidor público federal pode voltar a
contabilizar em dobro, para efeito de aposentadoria, o período de
licença-prêmio não usufruída. Esse direito havia sido suspenso
em 16 de dezembro de 1998, a partir da publicação da Emenda
Constitucional nº 20. Todavia, em 20/3/2001 o Diário Oficial da
União publicou a Portaria Normativa nº 1, da Secretaria de
Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
tornando sem efeito o dispositivo legal que vedava a contagem em
dobro.
Os
docentes que tiveram negada a contagem em dobro da licença prêmio
e, conseqüentemente, a aposentadoria, e ainda não procuraram a
Adur, devem fazê-lo o quanto antes. Da mesma forma devem proceder
professores e professoras que tiveram negada a aposentadoria por não
terem contabilizado como tempo de serviço, a licença prêmio não
gozada.
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Eleições
no ANDES-SN |
Composição
das chapas que concorrem às eleições para diretoria do
Andes-SN, biênio 2002/2004. As eleições ocorrerão em 22 e 23
maio.
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Chapa 1 - ANDES
AD - Autõnoma
e Democrática
Presidente:
Luiz Carlos Gonçalves Lucas - ADUFPel S. Sind.
1º Vice-Pres.: José Domingues de Godoi Filho -ADUFMAT S. Sind.
2º Vice-Presidente: Osvaldo Coggiola - ADUSP
3º Vice-Presidente: Maria Lia Silva e Reis - ADUCSal S. Sind.
Secretário Geral: Celi Zulke Taffarel - APUB S.Sind.
1º Secretária: Ana Lúcia Barbosa Faria -SINDCEFET - MG
2º Secretário: Marlon Freire de Melo - ADUFPE S. Sind.
3º Secretária: Maria Cristina Miranda da Silva - ADUFRJ S. Sind.
1º Tesoureiro: José Vitório Zago - ADUNICAMP
2º Tesoureiro: Antonio Luiz de Andrade - ADUNESP S. Sind.
3º Tesoureiro: Almir Serra Martins Menezes Filho
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Chapa
2 - Uma Nova ANDES é possível -
Plural e de Luta
Presidente:
Maria Aparecida Ramos de Menezes - ADUFPB-JP
1º Vice-Presidente: Fernando Arthur Freitas Neves - ADUFPA
2º Vice-Presidente: Joviniano Soares de Carvalho - APUB
3º Vice-Presidente: Rosângela Carrusca Alvim - APUBH
Secretário Geral: Helena Serra Azul Monteiro -ADUFC Sind.
1º Secretária: Maria Auxiliadora Leal Campos - ADUPE
2º Secretário: Eliane Leão - ADUFG
3º Secretária: José Mastrangelo - ADUFAC
1º Tesoureiro: Rubens Constantino Volpe Weyne - ADUFRGS
2º Tesoureiro: Osni Jacó da Silva - ADUFSC
3º Tesoureiro: Sérgio Gonçalves Corrêa - ADCEFET-RJ |
Obs.:
estão relacionados acima os candidatos aos cargos executivos. Além
deles, concorrem em cada chapa 72 candidatos às representações
de 12 regionais: Regionais Norte I e II; Regionais Nordeste I, II
e III; regional Planalto; Regional Pantanal; Regional Leste;
regionais Rio de Janeiro e S. Paulo, Regional Sul e Regional Rio
G. do Sul.
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Página 3
Rural
elabora projeto para o CT-INFRA
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É grande a expectativa da comunidade científica em relação aos
editais lançados pelas agências de fomentos. Estes possibilitam
o acesso a recursos para as atividades de pesquisa. Parte
significativa destes recursos encontram-se nos chamados “fundos
setoriais”, que correspondem a “um conjunto de medidas, de
iniciativa da Presidência da República, para a captação de
recursos para o financiamento de projetos e programas de
desenvolvimento científico e tecnológico de diversos setores
econômicos”, segundo informações da Finep.
Existem doze fundos e, entre eles, figura o CT-INFRA.
Seu objetivo é fortalecer a infra-estrutura e serviços de apoio
à pesquisa técnico-científica desenvolvida em instituições públicas
de ensino superior e de pesquisas nacionais. Assim, estes
recursos, reunidos a partir de 20% dos valores destinados ao Fundo
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT
– deverão ser destinados pelos respectivos editais para o
conjunto de condições materiais e instalações físicas visando
a implementação de atividades de pesquisa e desenvolvimento.
Resultado
do edital nº 1 frustrou maioria dos pesquisadores
Uma das características na formulação desses
projetos é que a instituição deve ser capaz de formular um único
projeto; cabe a instituição se esforçar para contemplar o
conjunto de suas unidades. No ano passado, por ocasião do edital
nº 1, vários projetos foram endereçados à Reitoria. Uma comissão
instituída pelo reitor, coordenada pela vice-reitora, e que
contava com mais quatro membros, sistematizou uma proposta e a
encaminhou à Finep. O resultado final, porém, acabou
desagradando a todos. Apenas um Instituto - o de Veterinária -
foi contemplado com todo o montante que coube a Rural na época:
cerca de R$1,4 milhões.
Naquela oportunidade, a Adur-RJ criticou a forma e o
conteúdo do projeto. Deixamos escapar mais de R$ 3 milhões, por
que a administração central elaborou um mau projeto. A
metodologia utilizada produziu uma colcha de retalhos. A entidade
detectou também a falta de envolvimento de pesquisadores e das próprias
unidades; um equívoco que prejudicou a instituição. Estas opiniões
foram veiculadas na edição 32, de 25/9/2001, do Adur Informa.
Edital
nº 3 pode resgatar idéia de projeto único
Em 2002, a reitoria voltou a compor uma comissão
coordenada pela professora Maria da Conceição Estelita Vianni,
vice-reitora e docente do Departamento de Epidemiologia do
Instituto de Veterinária. Em entrevista ao Adur Informa, a
professora questionou o conteúdo das críticas da entidade em
2001, destacando que o tempo fora muito reduzido para a formulação
mais criteriosa de um projeto institucional.
Para este edital – o nº 3, de 27/12/2001 - no
entanto, Cecita Vianni, como é chamada, afirma que foram tomadas
providências diferenciadas. A comissão ficou reduzida a dois
integrantes: ela e o professor Gilson Cândido Santana, do
Departamento de Engenharia. Em 2001 esta mesma comissão teve 5
membros, que incluía o Decano de pós-graduação, professor
Jorge Jacob que agora sequer faz parte da Comissão de Redação.
Para a vice-reitora, esta conformação reduzida é suficiente
para uma comissão que terá como atribuição apenas encaminhar o
projeto final.
Consultores
A vice-reitora esclareceu que a elaboração do
projeto, na verdade, ficará à critério de uma comissão de
consultores. Esta foi formada a partir de uma listagem do CNPq com
os professores de alta titulação, bolsistas e pesquisadores
ativos vinculados àquele órgão.
Assim, o reitor José Antônio de Souza Veiga, em
4/4, nomeou Comissão Especial através da portaria nº 148,
constituída pelos Professores Ana Célia Castro, Paulo Sérgio
Torres Brioso, Carlos Pimentel, Nelson Moura Brasil do Amaral
Sobrinho, Gilberto Garcia Botelho, Silvia Regina Goi, Carlos
Wilson Gomes Lopes, Francisco Gerson Araújo, Pedro Antônio Muniz
Malafaia, Acácio Geraldo de Carvalho e Áurea Echevarria Aznar
Neves Lima. Esta comissão foi nomeada, “com o objetivo de
definir o (s) Projeto(s) de Recuperação do Infra-estrutura de
Pesquisa da UFRRJ a ser (em) apresentados à Finep nos termos do
Edital nº3/2001”.
A vice-reitora informou que esta comissão de
consultores “tem autonomia” para formular o projeto. Na
proposta original, figuravam 13 nomes representando todos os
departamentos da universidade. No entanto, dois pesquisadores, por
motivos profissionais e de saúde, não puderam aceitar suas
indicações. A professora Cecita esclareceu, por fim, que foram
encaminhados 8 projetos, 1 por instituto. É a partir desse
material que a comissão de consultores buscará formular um
projeto institucional.
Critérios
A vinculação de recursos do CT-Infra obedece ao
critério do número de pesquisadores doutores de uma instituição.
A UFRRJ, segundo a vice-reitora, deve contar, aproximadamente, com
250 doutores. “Segundo os critérios do edital nº 3 teremos
direito, no máximo, a R$ 2,5 milhões”.
A Finep orienta a conformação de um projeto único
por instituição. Segundo Cecita, os pesquisadores já definiram
que se procurará focar um projeto na área de Ciências Agrárias,
diferente do ano passado quando também foi considerada a área
das Ciências Ambientais. Ela informou, enfim, que a comissão de
consultores deveria concluir seu trabalho por volta do dia 16/4. O
prazo final para encaminhamento à Finep é o dia 26/4.
A professora Áurea Echevarria, do Depto. de Química do
Instituto de Ciências Exatas, é um dos membros da comissão. Ela
informou ao Adur Informa que a comissão de consultores deverá
entregar seu relatório final somente depois do dia 20/4. Segundo
Áurea, a elaboração do projeto institucional vem demandando um
pouco mais de trabalho, pois foram encaminhados oito projetos, os
quais precisam confluir para uma única proposta que reflita a
instituição. Ela, no entanto, percebe que há um entendimento de
que, para evitar o que ocorreu no outro edital, é preciso esse
esforço conjunto. Ela destaca a preocupação manifestada pela
Adur, em 2001: “Ao se preocupar com as formas pelas quais a
comunidade científica deve se relacionar para a busca desses
recursos, a Adur realizou uma crítica construtiva. Ela contribuiu
para corrigir distorções e pode, nesta oportunidade, render
recursos e investimentos importantes para a Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro”.
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Página 4
A
mídia e o golpe na Venezuela
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Em 11/4 Hugo Chávez, presidente eleito da Venezuela, foi deposto
por um golpe militar. Em seu lugar, em 12/4, foi posto o empresário
Pedro Carmona, presidente da federação empresarial mais poderosa
do país. As características golpistas do episódio foi ignorada
pela mídia internacional sustentada pelo neoliberalismo. O jornal
O Globo de 13/4, por exemplo, estampou em sua primeira página:
“Chávez é preso e Venezuela sofre pressão por eleições já”.
Não se esclareceu o crime de Chávez e o motivo de Carmona ter
assumido no lugar do vice-presidente.
O mais curto golpe militar da história durou 28
horas. Neste tempo, porém, dissolveram-se os poderes legislativo
e judiciário venezuelanos sem que os órgãos de imprensa tenham
denunciado o fato como violação das instituições democráticas.
Em todo o mundo a mídia ocultou o caráter golpista
do evento, vendendo uma suposta “vontade popular” para o
afastamento forçado de Chávez.
Com
o fracasso do golpe e a volta do presidente, a mídia, no momento
que fechamos essa edição, se esforça por construir uma outra
verdade. A emenda está saindo pior que o soneto.
Armação
ilimitada
Desde
fins de 2001 os poderosos do mundo e da Venezuela começaram a
elaborar um plano para tirar Chávez do caminho. Afinal, não
interessava um governo que teria até 2007 para seguir com
um projeto com tópicos socializantes.
O
pano de fundo da trama é o controle da Companhia de Petróleo da
Venezuela, a PDV-SA, a terceira maior fornecedora do produto aos
Estados Unidos, cujo governo participou da trama, conforme
confirmado por seu porta-voz.
O
governo Chávez vem se chocando com os interesses dos EUA e de
empresários, capitaneados por Pedro Carmona. dizendo representar
estes setores, este personagem acabou por articular o golpe com
militares que, segundo denúncia do New York Times, teriam se
reunido previamente com representantes do governo dos Estados
Unidos.
Golpe
Globalizado
O sociólogo Gregory Wilpert, em entrevista no site
do Fórum Social Mundial, relata que nos dias anteriores à greve,
a mídia contrária ao governo (nove de dez jornais e quatro dos
cinco canais de TV são contrários à Chavez) convocou o
movimento exaustivamente, em chamadas que se repetiam a cada dez
minutos. O golpe foi consumado na quinta-feira, 11 de abril,
primeiro dia de uma greve geral convocada pelos patrões.
Sem
base em qualquer acontecimento real, as quatro redes de TV que se
opõem a Chávez passaram a especular, a partir do início da manhã,
sobre um possível desaparecimento do presidente. A partir do
meio-dia, afirmaram que o Alto Comando Militar havia pedido sua
renúncia. Difundiram os pedidos de renúncia dos opositores, mas
não deram voz nem imagem a nenhum representante do governo. De
forma análoga a CNN, rede americana, distribuiu a notícia pelo
mundo. No Brasil, as organizações Globo reproduziram esta
informação.
Cronograma
de uma intervenção
Uma passeata oposicionista pelas ruas de Caracas, em
11/4, se iniciou sem indícios de violência, segundo Wilpert.
Todavia, as redes de TV em todo o mundo veicularam a versão na
qual cerca de 200 a 300 mil oposicionistas estavam nas ruas da
capital contra o governo, enfrentando o exército venezuelano.
Por volta das 16 horas daquele dia ocorreram os
incidentes fatais. O governo Chávez, sitiado, havia convocado
pela TV estatal seus apoiadores a defender o palácio. Milhares de
pessoas compareceram. Entre os manifestantes Pró-Chávez e
oposicionistas, interpuseram-se dois corpos militares: a guarda
presidencial e a polícia metropolitana de Caracas, controlada
pela oposição. Houve conflitos. Um grupo de franco-atiradores,
situado no topo de edifícios, atirou contra a multidão. Dezenas
de pessoas morreram e centenas ficaram feridas. Segundo Wilpert, a
maioria partidários de Chávez.
Quem
atirou na multidão?
Luis
Miquelena, antigo mentor político de Chávez, ex-ministro do
Interior do governo e agora membro da oposição acusou o
presidente de ser “o principal responsável” pelo
“massacre”. A
imprensa internacional, incluindo o Jornal Nacional da Rede Globo,
tomou essa declaração absolutamente parcial e construiu a versão
internacional que credita aos apoiadores de Chávez a
responsabilidade pelos assassinatos. Chávez foi preso e deposto.
Seus adversários, porém, afirmaram que ele renunciara e essa é
a versão que ganha o mundo.
Cara
de Pau
Em
13/4, O Globo escreveu na página 29, de sua primeira edição,
uma matéria sobre a queda de Chávez sob o título: “Alívio e
incerteza dividem a população”. O lead, abaixo do título,
não deixa dúvidas sobre o que significaria o termo divisão: “Nas
ruas tranqüilas, venezuelanos comemoram queda do presidente, mas
temem pelo futuro do país”. Nada mais revelador, porém, que o
editorial deste mesmo dia. Este se antecipa prevendo que
“explicações argutas e sofisticadas para o fracasso do
presidente Hugo Chávez não faltarão”. Chávez teria
fracassado e não sofrido um golpe. Pedro Carmona, por outro lado,
é nomeado como “o substituto de Chávez”. Não se comenta a
existência de um vice-presidente.
Difícil
caminho de volta
Todavia,
na madrugada do dia 13/4, o golpista Carmona fora obrigado por
militares fiéis a Chávez a reativar os poderes legislativo e
judiciário que dissolvera arbitrariamente. Momentos depois, foi
sua vez de renunciar. O vice-presidente do país, Diosdado Cabello,
assumiu interinamente o poder até o retorno do presidente, o que
acabou ocorrendo às 4h00 do dia 14/4.
Aturdido,
como toda a mídia de índole neoliberal, o jornal O Globo de 15/4
anunciou que o retorno de Chávez seria resultado de dois
“setores” da sociedade: “os soldados e comandantes de tropa
e grande parte da população humilde do país”. Ora, segundo o
próprio jornal, os pobres equivalem a 80% da população. Se
grande parte destes apóiam Chávez, onde estaria o fantástico índice
de 68,4% de venezuelanos contabilizados em uma pesquisa feita por
um respeitável instituto de pesquisa, em março? Como
centenas de milhares de manifestantes, apoiados pela maioria do exército,
permitiram que algumas dezenas de milhares de humildes e alguns
poucos soldados fiéis a Chávez retomassem o controle da situação?
Em 16/4, quando era grande a pressão internacional para que se
esclarecesse a participação do governo norte-americano no episódio,
a mídia brasileira se esforçava em vender a imagem de um Hugo Chávez
reconduzido, mas desmoralizado: “Chávez diz que não vai mais
governar só para os pobres”, diz a manchete de O Globo. As matérias
vendiam a idéia de que o governo reconhece que errou e, desta
forma, teria provocado o golpe contra si.
Peça
reacionária
O
já citado editorial do jornal da família Marinho, de 13/4, deve
ser recortado e guardado como uma das peças políticas mais
reacionárias veiculadas pela imprensa brasileira. Lá se diz, por
exemplo, que “O passaporte para o futuro está no fortalecimento
e no aperfeiçoamento das instituições republicanas, na educação
do povo, na estabilidade política, no reconhecimento de que a
realidade econômica tem regras que precisam ser compreendidas e
assimiladas e não podem ser alteradas ao sabor da vontade de
poderosos de ocasião” (grifo nosso). Por outro lado, o
texto, de fazer inveja ao filósofo Olavo Carvalho, segue
afirmando que “Não faz diferença saber a esta altura se Chávez
era um calculista ou se acreditava numa fórmula falida. O fato é
que estava equivocado e, por isso, desde o início, condenado ao
fracasso”. Ou seja, por se opor ao neoliberalismo, mais dia ou
menos dia Chávez teria que ser deposto. Dane-se a soberania
popular e a democracia.
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