ADUR Informa
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ANO
23 |
Nº 37 |
13 A 27/03 |
2002 |
Seção
Sindical do ANDES-SN Filiada
à CUT |
ADUR
Informa - publicação da Associação dos Docentes da UFRuralRJ.
Conselho Editorial: Áurea Echevarria, Francisco de Assis da
Silva, Nídia Majerowicz,
Ricardo L. L. Berbara e Valdomiro Neves Lima.
Edição e editoração: Regina Rocha
(Reg. 16269/MTb).
Fotos:
Lenin Pires.
As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho
Editorial. |
ANDES-SN
COM FORÇA EM 2002 |
Rio
Grande, 23/2: abertura do 21º Congresso do Andes-SN
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Após a vitoriosa greve de 2001, o Andes-SN deu mais uma mostra de
vitalidade com a realização de um dos maiores congressos de sua
história. Com o tema “Projeto Histórico: a luta do
sindicalismo classista”, o 21º Congresso do Andes-SN
realizou-se de 23 a 28 de fevereiro último, na cidade de Rio
Grande, no Rio Grande do Sul. O evento reuniu 321 delegados e 46
observadores representando 61 seções sindicais. No entanto, mais
de 500 trabalhadores participaram dos sete dias do evento.
O
congresso teve lugar no Instituto Estadual de Educação Juvenal
Miller, espaço histórico das lutas dos trabalhadores gaúchos
que lá se reuniam até 1964. O espaço até então abandonado foi
recuperado pelo governo do estado em colaboração com a Associação
dos Professores da Fundação Universidade do Rio Grande (APROFURG).
Enfatizando
a unidade dos trabalhadores, o congresso debateu o momento de
crise mundial do modelo neoliberal e apontou alternativas de luta
para o Brasil em 2002, ano que tem a particularidade das eleições
presidenciais.
Um
dos momentos mais fortes foi patrocinado pela líder da Associação
Comunitária dos Moradores da Praia do Batoque, no Ceará, a
pescadora Maria Odete Martins, ameaçada de morte por grileiros e
de despejo pela empresa Odebrecht. Ela defendeu sua luta e de seus
conterrâneos afirmando “Quando você derrama o próprio sangue
na luta, na busca de seus direitos, é um sangue bem derramado”.
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Reunião
do Conselho
de Representantes
da ADUR-RJ
Quinta-feira, 14/3 às
15h - Quiosque
da ADUR |
Pauta:
1-
Integração de professores substitutos à ADUR
2
- Organização dos Grupos de Trabalho:
a) Política Educacioal; b) Política Sindical; c) Saúde
e Seguridade;
d) Ciência e Tecnologia; e) Carreira Docente; f) Política
Agrária;
g) Gênero e Etnia; h) Grupo Local: arte, cultura e lazer.
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3
- Greve Nacional
4
- Calendário de eventos políticos do ADES-SN
5
- Eleição para diretoria do ANDES-SN (2002/04)
6
- Fórum de debates
da ADUR |
Seminário
Nacional de Política Sindical do ANDES-SN
Universidade Federal Fluminense (UFF) |
Dia 22/3, 18h: Abertura,
no Auditório Florestan Fernandes
(Campus do Gragoatá, Bl E, Faculdade de Educação)
Dias 23 e 24/3, a partir
das 9h: Plenárias e debates, no Auditório do ICHS
(Campus do Gragoatá, Bloco O, 2º andar) |
Seminário
Nacional de Educação Superior
|
De
4 a 6 de abril,
em Belo Horizonte, no CEFET-MG |
Congresso
Nacional de Educação
- CONED |
De
23 a 26 de abril
Parque do Anhembi - São
Paulo |
Página 2
XXI Congresso do ANDES-SN
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Conjuntura
Os congressistas refletiram a complexidade da
conjuntura mundial e local, apontando para ações de
solidariedade em escalas internacional e nacional. Os debates
enfatizaram o absoluto fracasso da experi- ência neoliberal na
Argentina, mas analisa- |
ram
com preocupação os movimentos do imperialismo norte-americano
sobre a Venezuela e a Colômbia, países que fazem fronteiras com
o Brasil na região amazônica. Estas iniciativas estariam de
acordo com uma nova ofensiva dos EUA após os atentados de 11 de
setembro de 2001, onde não só se busca reafirmar a hegemonia
norte americana através do argumento militar, mas também dar
nova dinâmica a indústria bélica, a principal financiadora do
então candidato George Bush nas eleições fraudulentas de 2000
nos EUA.
As
opiniões entre a
maioria dos participantes do 21º congresso, acreditavam que o
repertório de ataques neoliberais sobre a universidade pública
no Brasil ou das tentativas de desregulamentação das leis
trabalhistas e do direito de greve no serviço público estão no
mesmo contexto de ofensiva neoliberal. Ofensiva esta,porém, que
pode ser enfrentada pelo movimento social considerando que estamos
em 2002, um ano eleitoral,o que possibilita o choque de projetos
para a sociedade e a agudização da crise nas hostes neoliberais.
Uma semana após o Congresso, as denúncias contra a governadora
do Maranhão, Roseana Sarney, principal pré-candidata à Presidência
entre os partidários do governo FHC, revelaram o acerto dessa análise.
Para
dar conta dessa conjuntura, os congressistas deliberaram por um
plano de lutas que reafirmam compreensões anteriores e apontam
para ações que dêem conta dos desafios atuais, começando pela
greve nacional de 21 de março (veja plano de lutas a seguir).
Intriga
da oposição tenta impedir prestação de contas
O
21º Congresso buscou também contemplar discussões de ordem
financeiro-administrativa na perspectiva de esclarecer, enfim, as
contas da gestão passada, biênio 1998/2000. Durante a plenária
que tratou das questões organizativas e financeiras, os delegados
autorizaram a atual Direção a efetuar a cobrança dos débitos
identificados contra ex-diretores desde o 43º Conad. Caso esses
ex-dirigentes paguem até 30 de abril, a cobrança poderá ser
feita sem cobrança de juros ou correção, decidiu a plenária.
Após esse prazo a Diretoria deverá buscar as correções
previstas em lei.
O
professor Dalton Macambira, ex-diretor do Andes-SN na gestão
98/2000 tentou evitar a distribuição das contas de sua gestão,
para evitar o debate. Para tanto, impetrou um mandado de segurança,
que chegou a ser deferido pela juíza da 3ª Vara Cível do Rio
Grande, Heloísa Soares. Tais relatórios, porém, já haviam sido
repassados aos grupos mistos, antes da realização da plenária e
da referida ação.
O
21º Congresso remeteu para o 44º Conad, que será realizado em
junho na cidade de Florianópolis, a deliberação de sanções
estatutárias aos ex-diretores Renato de Oliveira, Dalton
Macambira e Márcio Florentino. O primeiro, ex-presidente,
utilizou recursos da entidade para a compra de passagens aéreas
com destino a Toronto, para tratar de assuntos particulares; os
demais, ex-tesoureiros, utilizaram verbas do Andes-SN para o
financiamento da propaganda eleitoral de sua chapa nas eleições
sindicais de 2000.
Até
o próximo Conad os ex-diretores podem apresentar seus argumentos
nas instâncias do sindicato e recorrer da punição que está
sendo indicada: suspensão de 60 meses.
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Durante as atividades do 21º Congresso do ANDES-SN, os docentes
avaliaram os eixos políticos e os planos de lutas dos três
setores: federal, estadual e particular. Entre outros pontos, os
eixos políticos do Sindicato Nacional contemplam:
a)
- o fortalecimento da luta pela construção de uma sociedade
socialista, contrária às orientações capitalistas;
b)
- a intensificação das lutas contra o pagamento da dívida
externa e os tratados de livre comércio, em especial a Alca,
responsáveis em última instância pela exploração e miséria
dos trabalhadores e populações no mundo;
c)
- intensificar a luta, em conjunto com os movimentos sociais, por
transformações que atendam aos direitos da maioria da população;
d)
- defesa do ensino público, gratuito, laico, socialmente
referenciado em todos os níveis como dever do Estado e direito de
todos;
e)
- o 21º Congresso ratificou a luta pela valorização do trabalho
docente, reivindicando a implementação da carreira única, do
Plano Nacional de Capacitação Docente, do piso e da malha
salarial propostos pelo ANDES-SN, assim como continuar a luta por
políticas de reposição das perdas salariais;
f)
- combate às medidas governamentais que violentam as conquistas
democráticas dos trabalhadores e buscam destruir os direitos de
liberdade e de organização sindical dos trabalhadores, como as
que se materializaram na violência do pacote de novembro,
constituído pelo decreto nº 4010, de 12/11/2001 (transfere para
o presidente da república a responsabilidade pela liberação
e/ou corte de pagamento), e a MP nº 10, de 13/11/2001, que altera
a legislação para permitir contratação de pessoal por tempo
determinado, em substituição aos grevistas.
g)
- as seções sindicais deverão promover amplo debate sobre os
possíveis efeitos do decreto 3.860/2001, que dispõe sobre a
organização do ensino superior, a avaliação de cursos e
instituições, entre outras providências;
h)
- ratificada a defesa da autonomia, nos termos do artigo 207 da
Constituição Federal;
i)
- reafirmada a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a
extensão; a gratuidade plena; a ampliação das verbas, ampliação
do quadro permanente, com a contratação de professores e técnico-administrativos,
no Regime Jurídico Único (no caso das federais); o padrão unitário
de qualidade; e a democracia como base do autogoverno dessas
instituições;
j)
- lutar, ainda,
contra a legislação que procura destruir e regulamentar a
autonomia universitária, bem como todas as formas de precarização
do trabalho docente;
k)
- o ANDES-SN deverá promover ações de denúncia sobre as fundações
de apoio institucional como estratégia de privatização interna.
O
congresso aprovou a utilização de cerca de R$ 350 mil do Fundo
de Solidariedade para compra de imóvel e instalação de
infraestrutura para a sede nacional do ANDES-SN, pois a sala
utilizada na UnB não oferece as condições necessárias para o
volume das atividades desenvolvidas pelo sindicato.
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Os trabalhadores brasileiros vão às ruas no dia 21 de março
protestar contra o projeto do Executivo Federal que altera o
artigo 618 da CLT, assim como contra o pacote anti-greve, lançado
pelo governo FHC por ocasião da recente greve das universidades
federais. Esta é a orientação da CUT – Central ùnica dos
Trabalhadores, CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores), CGTB
(Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros) , para seus
sindicatos filiados. No 21º Congresso Nacional do Andes-SN foi
decidida a adesão ao movimento . |
O objetivo é fazer uma grande
manifestação nacional, com paralisações e atos de protesto de
Norte a Sul do país. Centenas de sindicatos da CUT, a maioria
reunindo as principais categorias do país, como petroleiros,
servidores das universidades, metalúrgicos, bancários, entre
outros, já decidiram pela adesão à greve.
O
projeto do governo altera o artigo 618 da CLT para permitir que
acordo ou convenção coletiva substitua a lei, mesmo quando
desfavorável ao empregado. A proposta foi aprovada na Câmara
Federal em 2001 depois que o Palácio do Planalto abriu os cofres
públicos para barganhar com os deputados da bancada governista. O
Projeto de Lei Complementar 134/01 (que, na Câmara, era o PL nº
5.483/01) será votado no Senado Federal até 26 de março, dia em
que vence o prazo da urgência constitucional. O projeto será
examinado primeiro pelas Comissões de Assuntos Sociais e de
Constituição e Justiça. Depois seguirá para votação em plenário.
Mobilização
A
Andes-SN e a CUT orientam ainda que sejam enviadas mensagens
(e-mail, fax ou telefonemas) aos senadores contra o projeto,
deixando claro que quem trair o povo vai receber o troco nas
urnas. Afinal, está em jogo a flexibilização de direitos históricos
dos trabalhadores – 13º salário, férias, licença gestante,
adicional noturno, hora extra, FGTS e outros -, conseguidos ao
longo de décadas de luta.
Na
onda de ataques de FHC, a flexibilização da CLT e a extinção
do RJU somam-se ao Projeto de Lei que, a pretexto de regulamentar
a greve no serviço público, objetiva impedir o exercício deste
direito constitucional.
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ANDES
se reúne com MEC
Após várias solicitações, ocorreu uma audiência
entre as entidades representativas dos trabalhadores das IFES e o
MEC em 12/3. O ponto central da discussão foi a questão da
aplicação dos ganhos sobre a GID, um dos pontos mais polêmicos
da recente greve dos professores das IFES. A reunião teve a
participação de Francisco Sá Barreto, ex-reitor da UFMG, que
assume a SESU no próximo dia 19/3.
Segundo Ana Lúcia Barbosa, Diretora da Andes-SN e
docente do CEFET-MG, foi definido que a partir da próxima semana
um cronograma de trabalho, com a instalação de mesas temáticas
onde estão previstas a participação das entidades Andes-SN,
Fasubra e SINASEFE, SESU e ANDIFES.
A primeira mesa é no dia 18/3, com a discussão
sobre os Hospitais Universitários.
No dia 19/3, às 9 h, o secretário Francisco Sá
Barreto toma posse participando da mesa que discute Carreira e GID.
Nesta oportunidade será debatida a adequação do decreto de
regulamentação da GID com a Lei que resultou do movimento
grevista. Segundo o MEC, este é o nó que precisa ser desatado
para resolver a questão da Gratificação de Incentivo à Docência.
Na tarde do dia 19/3, às 14 h, serão discutidos concursos e vagas. No
dia 20/3, Financiamento e Assistência Estudantil.
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Eleição
O 21º Congresso também foi espaço de apresentação das chapas que
concorrerão à próxima gestão do Andes-SN (2002/2004). A chapa
1 “Andes Autônoma e Democrática”, apoiada pela atual direção,
é encabeçada pelo professor Luiz Carlos Gonçalves Lucas (Adufpel-SSind),
atual vice-presidente da Regional RS do Andes-SN. A chapa 2,
denominada “Uma nova Andes é possível”, tem como candidata a
presidente a professora Maria Aparecida Ramos de Menezes, a Cida (Adufpb-JP),
e expressa as idéias da antiga diretoria, gestão 1998/2000. As
eleições ocorrerão nos dias 22 e 23 de maio deste ano.
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Lei
de inovação pode atingir universidade públicas
As
modificações que o MEC tentou implantar nas universidades (no
que foi derrotado pela greve) estarão de volta na proposta de Lei
de Inovação Tecnológica do Ministério da Ciência &
Tecnologia. Este foi um dos temas mais debatidos no 21º congresso
do Andes-SN. Segundo o 1º tesoureiro do ANDES-SN, José Domingues
de Godói Filho, o emprego público, as fundações de apoio de
direito privado e organizações sociais são alguns dos temas
explícitos do documento do ministério. A previsão é que o
texto da nova lei deve chegar ao Congresso Nacional antes de abril
deste ano.
Para
atrair o pesquisador e agilizar a adoção do regime de emprego público,
a lei oferecerá condições para que este se licencie de sua
instituição para abrir uma empresa de base tecnológica, nos
termos definidos pela mesma lei. Mas o pesquisador continuaria
utilizando recursos da própria instituição da qual se
licenciou. “A Lei de Inovação prevê explicitamente que o
‘professor-empresário’ use laboratórios e pessoal da
universidade. Ou uma universidade, independente de ter ali um
‘professor-empresário’ pode alugar ou colocar à disposição
das empresas os seus laboratórios. É uma privatização
mesmo”, observou.
Outra
preocupação de José Domingues diz respeito ao produto final
desta política do MCT. “Para criar uma política de tecnologia,
deveria vir acoplada uma política industrial para o país. E isso
não existe. Ou seja, os ‘professores-empresários’ vão estar
voltados para as indústrias de fora”, alertou. Segundo
Domingues, estaria configurada uma nova mão-de-obra barata
visando produzir para a indústria estrangeira instalada no
Brasil.
O
Andes-SN vê nessa iniciativa mais uma frente com a qual os
professores universitários devem se preocupar. A ação seguinte
deve ser o estímulo à criação de grupos de trabalho (GTs) de
Ciência & Tecnologia em todas as seções sindicais, a
divulgação ao máximo possível das informações relativas ao
assunto e a busca de alianças com setores dos institutos de
pesquisa. “As pessoas têm que desmistificar essa idéia de que
ciência e tecnologia é algo distante, inacessível”, comentou
Godói. O seminário de C&T que ocorreria em outubro, e que
acabou não ocorrendo devido à greve, deve ser remarcado para o mês
de maio. (Fonte: Agência Andes)
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Rural participa com 5 delegados
As professoras Nidia Majerowicz e Irlete Braga e
os professores Valdomiro Neves, Frederico Falcão e Rômulo
Andrade foram eleitos em assembléia geral nossos representantes
no 21º Congresso do ANDES-SN. Eles estarão nos próximos fóruns
da ADUR-RJ socializando essa experiência com os demais
professores da Rural.
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nova
diretoria buscará
participação de todos
os professores
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Tomou
posse em 5 de fevereiro a
diretoria da Adur, biênio 2002/2004. A chapa única, encabeçada
pelo professor Laélio Nunes de Lima, ICHS/DLCS, foi referendada
por 322 votos dos 361 professores que foram às urnas, ou seja,
mais de 90% dos votos válidos em um universo de 51% de filiados.
Participam da gestão ainda as professoras Nidia Majerowicz
(Instituto de Biologia/IDF), Elenice Santos A.C. de Souza (CTUR) e os pro- |
Da direita para a esquerda: Laélio Nunes,
Adivaldo Fonseca, Elenice Souza, Laerte Azeredo e Marcos Bacis
tomam posse como diretores da ADUR.
|
fessores
Adivaldo Henrique da Fonseca (IV/DESP), André Scarambone Zaú
(IF/DCA), Laerte da Cunha Azeredo (ICE/DEQUIM) e Marcos Bacis
Ceddia (IA/Solos).
Em
seu discurso de posse o novo presidente da ADUR-RJ lembrou a vitória
da greve, ressaltando a união dos professores para que o
movimento resultasse em uma vitória política importante e algum
ganho financeiro. Para ele, o resultado eleitoral espelhou essa
unidade. Laélio reafirmou o compromisso de manter a perspectiva
de uma ADUR para todos os professores. “Nossas batalhas,
seguindo nosso programa, serão desenvolvidas nos planos locais,
regionais e nacional. Para essas lutas precisamos estimular o
associativismo trazendo para dentro da ADUR aqueles que nos
desconhecem, que nos criticam ou que nos são indiferentes. O
contraditório também faz crescer. Queremos uma ADUR para todos,
acolhendo os menos participativos, respeitando novas idéias e
tentando crescer juntos. Vamos todos dar as mãos e buscar o
melhor para a
nossa comunidade”.
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reitor
afasta professor substituto que apoiou greve
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Decepção. Esta palavra pode resumir o ânimo atual do docente
Pedro Davi Montes Mireles, professor substituto que não teve seu
contrato renovado pela Reitoria em um flagrante ato de perseguição
política a um professor que atuou destacadamente na greve.
Alegando
que a renovação não
teria sido efetuada por problemas envolvendo a permanência no
Brasil do professor, que é peruano, o reitor José Antonio Veiga
dissimulou e acabou por comunicar seu afastamento
definitivo, mesmo depois de sanado as questões legais.
Pedro
Mireles foi contratado em outubro de 2000. Estava vinculado ao
Instituto de Ciências Humanas e Sociais e lecionava as
disciplinas Introdução à Ciência Política, Introdução à
Sociologia, Introdução às Ciências Sociais e Metodologia da Ciência.
O professor atendia cerca de 160 alunos nos cursos de Ciências
Econômicas, Economia Doméstica e Educação Física. Seu
contrato teria expirado em outubro de 2001, quando em agosto o
mesmo foi prorrogado até 31 de dezembro para garantir as
atividades do 2º semestre de 2001.
Em
meados de agosto, porém, os professores decidiram em assembléia
geral pela adesão à greve nacional. Mireles foi um dos
principais apoiadores do movimento entre os professores
substitutos. Foi um dos principais responsáveis pela greve no
campus avançado de Três Rios, organizando seminários e
debatendo a greve com seus alunos. Estas iniciativas desagradaram
a direção do ICHS e demais setores responsáveis pela equivocada
política de interiorização da Rural em Três Rios.
Terminada
a greve e o ano 2001, o contrato de Mireles não foi renovado. Em
janeiro, várias reuniões entre o reitor e a chefia do
Departamento de Letras e Ciências Sociais do ICHS, a cargo do
professor Laélio Nunes de Lima, foram realizadas. Em todas elas o
reitor afirmara que o problema de Mireles era de ordem
administrativa. Uma vez solucionado, garantia, a renovação do
contrato estaria assegurada como ocorrera com todos os professores
substitutos.
Em
24/1/2002, após um trabalho intenso envolvendo dirigentes e
professores do DLCS, o
Diário Oficial da União publicou o visto permanente do professor
Pedro Mireles, que é casado há anos com uma brasileira. No dia seguinte o chefe do DLCS
conversou com o reitor, José Antonio Veiga, e com a decana
de assuntos administrativos. Ambos tinham conformidade com a
renovação. O prof. Laélio, então,
encaminhou ao chefe do Departamento Pessoal um novo pedido
de renovação de contrato,
Em
26/2 a surpresa: Laélio Nunes recebe como informação verbal do
chefe do Departamento Pessoal, Edval Dan, a decisão do reitor em
não renovar o contrato de
Mireles e que o DLCS deveria agilizar a contratação de um novo
professor substituto.
A
atitude dissimulada do reitor e sua estreiteza geraram decepção
na comunidade. Na opinião de Pedro Mireles, em carta endereçada
à Adur, a ação da Reitoria não está fundamentada na razão.
“Fica como sustento de sua ação somente a arbitrariedade do
poder”. A situação incorre em grave desrespeito ético e
profissional: durante dois meses, enquanto era encorajado pela
administração central a resolver a pendência, Mireles ministrou
aulas regularmente. Sequer
essas aulas a reitoria quer reconhecer e pagar. Cerca de 160
alunos ficaram sem as aulas de Mireles, correspondente ao 2º
semestre de 2001.
A
Diretoria da Adur encaminhará ao Conselho de Representantes,
nesta quinta-feira, 14/3, o debate sobre esse caso na perspectiva
de se adotar propostas que solucionem o problema de Mireles e
protejam os demais professores substitutos de ações persecutórias
e antidemocráticas como essa.
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Em Rio Grande, outra perseguição |
O professor substituto Leandro Maurano, contratado no início de
2001 para lecionar junto ao Colégio Técnico-Industrial da Fundação
Universidade de Rio Grande também teve destacada atuação na
greve, em níveis local e nacional. Pela ousadia de ser consciente
e solidário com sua categoria, pagou caro. Seu contrato, que
havia sido renovado por mais seis meses em agosto, foi
sumariamente suspenso pelo reitor-interventor, Carlos Rodolfo
Hartmann, sob a alegação que o CTI não se interessava mais por
seu trabalho.
Maurano
foi homenageado no 21º Congresso do Andes por simbolizar esta
luta dos professores substitutos contra a precarização de suas
condições de trabalho e de seus vínculos. Situações como
verificadas com Maurano e Mireles refletem a política neoliberal
para as universidades e antecipa o que se quer tornar uma regra:
o decreto da lei do silêncio, enquanto os empresários e
vendilhões da Universidade Pública patrocinam a farra das
privatizações.
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