ADUR Informa
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ANO
22 |
Nº 35 |
18/12 A 06/01 |
2001/2002 |
Seção
Sindical do ANDES-SN Filiada
à CUT |
ADUR
Informa - publicação da Associação dos Docentes da UFRuralRJ.
Conselho Editorial: Áurea Echevarria, Francisco de Assis da
Silva, Nídia Majerowicz,
Ricardo L. L. Berbara e Valdomiro Neves Lima.
Edição e editoração: Regina Rocha
(Reg. 16269/MTb).
Fotos:
Lenin Pires.
As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho
Editorial. |
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GREVE
TERMINA COM VITÓRIA |
As duas fotos acima
foram cedidas pela profª. Nidia Majerowicz
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Após 108 dias de greve foi
votado em 6/12 o projeto de lei que reajusta a tabela de
vencimentos dos docentes e altera a Lei da Gratificação de
Incentivo à Docência para professores de 1º e 2º graus
dos estabelecimentos federais de ensino. A próxima etapa
agora é sua votação no Senado, o que deve ocorrer,
segundo o CNG Andes, nesta semana de autoconvocação do
congresso. A senadora Heloisa Helena (PT/AL) afirmou, em
13/12, que há acordo de lideranças e o projeto tramitará
em regime de urgência.
Em 17/12
o PLC 135/2001 (número de tramitação no Senado) estava na
Comissão de Constituição e Justiça, sob relatoria do
senador Lúcio Alcântara. Uma vez votado no Senado, seguirá
para sanção presidencial. O texto em tramitação foi
revisado pelos representantes do Andes-SN, após nova
tentativa do
MEC e manobras de última hora para prejudicar os
professores.
As
negociações concluídas com o Poder Legislativo e a Presidência
da República, fizeram com que o CNG encaminhasse em 7/12 o
encerramento da greve. No entanto, está indicado às seções
sindicais o Estado de Mobilização até a sanção
presidencial. O desfecho da greve é uma derrota para o
governo, em particular do ministro Paulo Renato e uma grande
vitória dos professores das IFE, que demonstraram unidade
de princípios, capacidade de negociação e o mais profundo
respeito às instâncias democráticas do movimento.
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Outra Lição
Ao
silêncio da mordaça,
Do esquecimento cotidiano,
Do desmonte e da privatização,
A voz das Assembléias
E o grito da denúncia nas ruas.
Às amarras da inanição,
A greve unitária e incontida.
À ausência de
diálogo e imposição
arbitrária,
A inabalável coragem
Do peito aberto, e da convicção
Que não destrói o outro.
À ilegalidade do arbítrio,
Da negação do pão,
A inquebrantável resistência
De quem não teme a dor
E se alimenta de
esperança.
À humilhação e exposição
À sanha da ganância do capital,
A solidariedade da partilha,
Jamais calculada nos índices financeiros.
À mentira e impunidade,
A translúcida verdade de um conhecimento
Que se faz sangue e carne.
À violência e prepotência,
A força do gesto único e inesperado,
Que depõe a tirania e conclama
os trabalhadores.
Assim, transformando o medo em sonho,
A fraqueza em unidade.
Ensinamos e aprendemos
Mais uma lição.
Coitado de quem não quis ouvir,
Nem ver nem entender.
Os caminhos trilhados por nós,
Professores
de uma outra Nação.
José
Cláudio (Chicão) |
Convite
A
ADUR convida os seus filiados e amigos, para a festa de
confraternização em comemoração às conquistas da categoria na recente greve. Será dia 20/12, quinta-feira, a
partir das 16h em nosso Quiosque. Sua presença será
fundamental. Solicitamos confirmar sua participação.
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Docentes
mostram que FHC não é invencível
Todas
as greves que fizemos até aqui foram necessárias. Nelas,
conquistamos direitos, garantias, melhorias para os docentes
e a Universidade. Essa consciência de que o saldo das
greves se mede pela sua conseqüência histórica, e não
por eventuais conquistas nas suas pautas específicas, não
deve obliterar o sentimento com que todos saímos desta
greve: foi uma greve vitoriosa!
Iniciando
em agosto como greve unificada dos Servidores Públicos
Federais, atravessou setembro e outubro como greve da área
da Educação Federal (mantendo-se forte também na Saúde e
na Previdência), para chegar a novembro e dezembro como
greve dos docentes e dos estudantes das Instituições
Federais de Ensino. Consolidamos um dos mais fortes
movimentos na conjuntura atual no Brasil
Em todas as IFE, a greve paralisou mais de 90% das
atividades e mobilizou-nos para pressionar os Conselhos
Superiores a assumirem uma postura mais ativa na defesa da
Universidade.
O
saldo da greve, em relação à sua pauta, é
inequivocamente positivo. No âmbito político, estancamos o
Projeto de Emprego Público, com sua proposta de precarização
do contrato de trabalho do servidor, baseado em aumentos via
gratificações produtivistas e no regime da CLT. Novos
concursos, com contratos regidos pelo RJU, além dos 2000 já
em andamento, serão abertos. Enterraram-se, ao menos na
conjuntura atual, as propostas de retomada da cobrança do
desconto previdenciário sobre os aposentados e
pensionistas, estendendo a eles 60% da GID. Avançamos em
valores e critérios e diminuímos as diferenças salariais
da categoria, com a equiparação da GID à GED entre
professores de 1°, 2° e 3° graus. Diminuímos o peso das
gratificações no vencimento, através do reajuste na
tabela.
A
importância da greve
É
menos do que queríamos, mas muito mais do que conseguiríamos
(nada) sem a greve. Abortamos uma candidatura à Presidência
da República. Forçamos o governo de FHC a explicitar suas
mais ardilosas iniciativas para destruir a Universidade Pública
no Brasil. Conseguimos comprometer o MEC com a instalação
de mesas de negociação e grupos de trabalho sobre
financiamento da Universidade, recomposição dos quadros,
carreira (incluindo-se nessa mesa a discussão sobre GED e
GID) e hospitais universitários, entre outros. Além disso,
garantimos uma recuperação em nosso vencimento básico que
atingiu a todos e sobre o qual incidirá o reajuste geral do
funcionalismo.
Os
ganhos econômicos foram distribuídos da maneira mais justa
possível, sem abrir mão dos nossos princípios.
Conquistamos no Parlamento a aprovação do Projeto de Lei n°
5805/01 após esgotar as possibilidades de negociação com
o Executivo. Foram dez anos sem aprovação de um Projeto de
Lei no campo da Educação que nos fosse tão favorável.
Forçamos o Executivo a concordar com o Termo de Acordo para
instalação de mesas de negociação com o ANDES e o
SINASEFE, coordenadas pela ANDIFES e CONCEFET para tratar da
carreira e financiamento das IFE.
Oobtivermos
vitórias junto ao Judiciário pela justeza das reivindicações
e por estarmos conforme às leis; permanecemos diariamente
na mídia nacional, que deu destaque à problemática das
Instituições Federais de Ensino, em meio a uma conjuntura
internacional complexa de recessão econômica, com os
acontecimentos do 11 de setembro nos Estados Unidos e a
guerra contra o Afeganistão em pleno curso. Explicitamos,
enfim, que existem alternativas de horizonte histórico para
as IFE.
Não
nos dobramos
Os
ganhos morais e éticos podem ser reconhecidos em nossa
determinação, vontade política e resistência. Sem salários,
ameaçados, acusados pelo Presidente da República e seu
Ministro da Educação, que diariamente buscaram
desqualificar-nos (categoria e Sindicato) e humilhar-nos.
Mas nós não nos dobramos; muito pelo contrário:
radicalizamos a vontade de ver um final vitorioso na greve.
Greve que poderia ter sido resolvida imediatamente, não
fosse a intransigência do Governo e a incompetência política
do Ministro da Educação. Consolidamos, nestes 108 dias de
greve, uma perspectiva de Sindicato combativo, de luta,
democrático e autônomo, que atuou de forma unificada a
partir de amplo debate interno.
Assim, a
greve que se iniciou com a bandeira da defesa da
Universidade Pública, em meio à luta maior em defesa do
Serviço Público, adquiriu, pelo peso do inimigo que
enfrentou, uma característica de defesa dos direitos públicos
e, diante das arbitrariedades do governo, de defesa do próprio
Estado de Direito e da democracia. Uma vitória desta greve
é, portanto, uma vitória em várias frentes. Mas
principalmente, ela mostrou que FHC e seus aliados, não são
invencíveis.
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GOLPE
SUJO DO GOVERNO PARA ALTERAR
TERMO DE ACORDO |
Mesmo derrotado, o
MEC tentou uma jogada de última hora, apostando em uma
desatenção não demonstrada pelo CNG em todo o processo.
No dia 4/12, na Secretaria da Câmara dos Deputados, o
Ministério comandado pelo Sr. Paulo Renato protocolou um
projeto de lei diferente do que foi acordado com o Comando
Nacional de Greve do Andes-SN, em 29/11. O projeto de lei
5805/01, encaminhado pelo MEC ao Congresso Nacional,
apresentava quatro mudanças significativas.
A primeira dizia
respeito ao mês de referência para o reajuste da tabela.
Afirmava que isso seria feito a partir de fevereiro; não em
janeiro, como previsto no acordo. O mês de fevereiro como
referência acabou prevalecendo. Esta alteração, porém
acabou por se refletir em aumento do índice médio,
favorecendo os professores em reajuste futuros, porque o
montante atual foi mantido (o cálculo do índice levou em
consideração 11 meses)
Com relação à
Gratificação de Incentivo à Docência, o governo não
incluía no PL as mudanças na Lei desta gratificação (Lei
nº 10.187/01), como a alteração no modo de avaliação do
professor e a ampliação da pontuação máxima de cada
instituição. Em terceiro lugar, o PL acordado assegurava
que o reajuste geral dos SPF de janeiro de 2002 iria incidir
sobre a nova tabela de vencimentos. No entanto, pela redação
do governo, o futuro reajuste
do funcionalismo em 2003 poderia ser reduzido pelo
abatimento do índice ganho na greve. Por último, a versão
do PL do
Executivo previa um reajuste médio em torno de 12,6%, em
vez dos 13 a 14% previstos anteriormente.
CNG
desmonta manobra
No dia 5/12 uma comissão
do CNG Andes esteve reunida com técnicos do Ministério do
Planejamento, do MEC e da Comissão de Orçamento da Câmara,
junto do relator do PL, deputado Nelson Marchezan, e mais o
deputado Gilmar Machado. Pacientemente, os membros do CNG
Andes desmontaram os argumentos do governo, possibilitando o
acerto final e a tramitação do PL em regime de urgência.
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PRINCIPAIS
GANHOS DA GREVE |
Pela reformulação
da Lei da GID, fica ampliado o limite global em cada
instituição de 73 vezes o número de professores ativos
para 80 vezes, permitindo que 100% dos docentes possam alcançar
a totalidade da gratificação. A avaliação dos docentes
de magistério de 1º e 2º graus passa a seguir regras
semelhantes às da Lei da GED. Torna possível o cálculo da
gratificação nos meses de férias do docente conforme a média
alcançada no ano civil imediatamente anterior, além de
possibilitar a avaliação da GID de professores em pós-graduação
stricto sensu. Ocorre ainda a extensão da GID para
os docentes aposentados do magistério de 1º e 2º graus.
Uma emenda do CNG
Andes ao projeto de lei inclui salvaguardas que asseguram
que as futuras revisões gerais anuais de remuneração dos
servidores públicos federais não serão deduzidas da
presente alteração das tabelas de vencimentos básicos dos
professores (um reajuste médio em torno de 13% a partir de
fevereiro). Os docentes receberão também o reajuste do
funcionalismo federal (3,5%) que será aplicado em janeiro.
Alguns aspectos são
determinantes para a análise dessa greve como vitoriosa. Não
tanto pelos resultados quantitativos, pois é um fato que as
defasagens financeiras resultantes de sete anos sem
reajustes não foram plenamente satisfeitas, mas, sobretudo,
pelos aspectos qualitativos fundamentais para se avançar na
defesa da universidade pública, gratuita e na manutenção
de ensino e pesquisa de qualidade.
O primeiro deles
é o resgate da estratégia do Andes em vincular o movimento
docente às lutas dos demais segmentos sociais na defesa de
uma sociedade mais justa, menos desigual, e comprometendo a
universidade pública com esse propósito. Este foi o mote
central do XX Congresso, realizado de 15 a 20 de fevereiro
de 2001 no Rio de Janeiro, marcando uma aproximação
decisiva com a sociedade. O resultado foi não só a unidade
com outros sindicatos da educação federal, como SINASEFE e
FASUBRA, mas o apoio decisivo da maioria dos trabalhadores
brasileiros à greve, elemento determinante para que a mídia
comercial tivesse uma postura mais cautelosa na cobertura do
movimento em 2001.
Um outro aspecto
é o da reconquista dos espaços democráticos dos
professores. Depois de um período autocrático, onde a
antiga direção do Andes achava-se no direito de pensar e
decidir pelos professores, resultando em negociações
fragilizadas e equivocadas com o governo, esta greve
restabeleceu o método democrático como o único capaz de
levar os professores à conquista de suas reivindicações.
Superando diferenças de avaliação, aparando arestas
comuns à complexidade das atividades docente em um país de
dimensões continentais e multiplicidade cultural, a greve
de 2001 reensinou o caminho da tolerância, da paciência e
da firmeza de propósitos em defesa da Universidade Pública
e Gratuita.
O resultado é que
o movimento docente está mais fortalecido. Com organização
e unidade, questionou o núcleo da política do governo
entreguista de FHC, sepultando de vez com a hipótese de
criação do emprego público considerado, no XX Congresso
da categoria, como o elemento central para nossa intervenção
em 2001. Da mesma forma, essa greve foi capaz de atingir a lógica
produtivista e divisionista para o ensino superior público.
E isso se traduz, por exemplo, na superação das diferenciações
entre os professores de 1º, 2º e 3º graus, assim como na
extensão dos direitos dos ativos para aposentados e
pensionistas.
Os nossos desafios são
inúmeros. Mantendo a estratégia de defesa da Universidade
Pública, Gratuita, de Qualidade, comprometida com a superação
das desigualdades sociais no país, segue a necessidade
imperiosa de fortalecimento da carreira docente,
refletindo-se na superação das gratificações como forma
de remuneração de nossas atividades. Todavia, os inimigos
da Universidade já sabem que terão que enfrentar a firmeza
de uma categoria que sabe se unir em sua diversidade.
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AULAS
RECOMEÇAM EM JANEIRO |
As
aulas na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro poderão
ser retomadas
em 2 de janeiro e o semestre letivo será estendido até
maio de 2002. Esta foi a principal decisão das assembléias
dos docentes realizadas dias 5 e 7 de dezembro, e acatada
pela reitoria que se baseia nela para a redefinição do
calendário escolar e para o exame vestibular. Também no
dia 7/12 , o Conselho Universitário da instituição
decidiu adiar o vestibular, cujas datas serão redefinidas
nas próximas semanas levando em consideração as datas de
outros exames envolvendo as universidades públicas, assim
como a opinião dos profissionais e estudantes do CTUR.
O
calendário começou a ser desenhado na quarta-feira
passada, 5/12, na assembléia da categoria docente que
contou com a presença do reitor José Antônio Veiga. Várias
intervenções opinaram que o reinício imediato, para a
interrupção para as festas de fim-de-ano, poderia redundar
em prejuízos para os alunos por significar descontinuidade
no processo, particularmente para aqueles que residem em
municípios distantes e outros Estados.
Proposta
norteou debate
O
professor Laélio Nunes, do Departamento de Letras e Ciências
Sociais, apresentou proposta de calendário que norteou os
debates. O estudante do terceiro período de matemática,
Vitor Barros Teixeira, posicionou-se favorável a uma
proposta que repusesse integralmente o período, não
considerando as três semanas em que ocorreram aulas e que
precederam à greve. Ao término das discussões foi
aprovado como proposta a ser encaminhada ao CEPE e Conselho
Universitário com três elementos básicos: reinício em
2/1/2002, férias docentes em fevereiro e adiamento do
vestibular com sua realização em data debatida com a
comunidade do CTUR e com outras universidades federais.
Solução
para os estudantes
O
reitor José Antônio Veiga participou da assembléia e se
colocou disposto ao diálogo, ressaltando que a reelaboração
do calendário deve considerar diversos elementos, desde a
posição dos movimentos, até mesmo às tradições
religiosas. Ele fez alusão, por exemplo, a necessidade de
considerar que a comunidade judaica resguarda os sábados,
assim como outras religiões tem datas a serem respeitadas.
Concordando que o debate sobre o calendário envolve outras
universidades e as expectativas dos estudantes do CTUR, o
reitor afirmou que procuraria encaminhar uma solução que
agradasse a comunidade na retomada das aulas, mostrando-se
favorável à retomada em janeiro; “Precisamos de tempo
para avisar os estudantes”, disse.
CONSU
adia vestibular e calendário será decidido pelo CEPE
No dia 7/12 o Conselho
Universitário acatou proposta da assembléia dos
professores e definiu pelo adiamento do vestibular. A nova
data para sua realização, porém, será decidida pelo
Conselho de Ensino e Pesquisa da universidade. O professor
Ildemar Ferreira, decano de graduação, informou em 10/12
que o calendário que se está elaborando parte do dia
2/1/2002, conforme decisão da assembléia, e pode concluir
o semestre letivo no dia 4/5. Da mesma forma, ainda como uma
proposta preliminar, as férias docentes seriam exercidas no
período de 9 a 26/2 “Tudo isso, porém, será objeto de
discussão e deliberação do CEPE”. Com relação ao
vestibular, Ildemar reafirmou que a comunidade do CTUR será
ouvida antes da definição das novas datas para o
vestibular, mas que havia possibilidade do mesmo ocorrer na
semana após o carnaval, quando os professores estariam de férias.
Esta proposta também foi considerada na assembléia dos
professores que concluíram o movimento de greve no dia
7/12.
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Páginas
4
Ensino
como mero negócio
O
programa de TV Fantástico de 9/12/2001 veiculou matéria
curiosa sobre a aprovação de um analfabeto pela
Universidade privada Estácio de Sá. Se por um lado primou
pela denúncia, a organização Globo pecou pela falta de
conclusão mais abrangente. Resultado: acabou-se por
localizar na Universidade Estácio de Sá, de propriedade de
João Uchoa Cavalcante Netto, uma falha no processo de seleção
comum a todas as universidades privadas, incluindo a
UniverCidade (ou Universidade com C), que conta com a
participação da família Marinho.
A
matéria repercutiu no dia seguinte, 10/12, nos jornais
Extra e O Globo, também de propriedade dos Marinho. O
Extra, líder nacional de vendas, privilegia um público
adaptado à informações objetivas e focou na Estácio de Sá
o problema. Em O Globo, cujo público tende a ser mais crítico,
a matéria localiza a iniciativa na tese de fim de curso de
Carlos Palhano, jornalista recém-formado da própria Estácio,
que versou sobre a mercantilização das faculdades
particulares e sua influência no processo seletivo. Ele
concorreu a exames vestibulares para seis instituições
privadas: Veiga de Almeida, Estácio de Sá, Hélio Alonso,
Castelo Branco, UniverCidade e Gama Filho. Assinalou nas
provas de múltipla escolha as alternativas A e B. Em todas
as provas de redação construiu textos incoerentes. Palhano
foi aprovado em todos os exames. O padeiro Severino da
Silva, cidadão em processo de alfabetização, repetiu o método
com uma inovação: sequer entregou a redação alegando
mal-estar. Foi aprovado em nono lugar e confirmou de forma
definitiva a tese de Palhano.
O
problema é estrutural
A
edição de 2/5 da revista Veja, trouxe a matéria “Ações
entre amigos”, que denunciou o tráfico de influência
relacionando donos de instituições de ensino privadas e
membros do Conselho Nacional de Educação. A revista
revelou que, entre 1996 e a data da reportagem, 2.016 cursos
novos haviam sido criados, a maioria sem maiores critérios
de avaliação sobre a relevância e condições de serem
oferecidos à sociedade. Naquele ritmo, estava sendo criado
um curso e meio por dia no país.
Não
surpreende a aprovação de Severino, sobretudo na
universidade cujo dono propiciou uma entrevista polêmica ao
jornal Folha Dirigida, de 15/10. João Uchoa Cavalcante
Netto, advogado e ex-assessor do banqueiro Amador Aguiar, em
uma performance de extrema franqueza, disse publicamente que
educação não fazia falta para todos, que era exagerada a
associação da falta de educação com os problemas do país,
que pesquisa era uma inutilidade pomposa e concluiu: “Eu não
me interessei pela educação e nem acho que eu seja uma
pessoa muito interessada em educação. Eu sou interessado
na Estácio de Sá, isso é que é importante. Estou
interessado no Brasil? Não, não estou interessado no
Brasil. Na cidadania? Também não. Na solidariedade? Também
não. Estou interessado na Estácio de Sá”.
Como
se vê, para Cavalcante Netto, interessa o dinheiro. Pouco
importa o ensino e a pesquisa de qualidade e sua importância
para a sociedade. Os demais empresários, cujos
estabelecimentos partilham dos mesmos métodos de
recrutamento, de ensino e que igualmente não apostam em
pesquisa podem ter a mesma concepção. Talvez falte a mesma
sinceridade.
O
monitoramento da sociedade, desejável para as universidades
públicas, deve ser institucionalizado a partir do
envolvimento das entidades populares e da sociedade civil,
se estendendo sobre as instituições privadas.
Até
aqui temos assistido o poder econômico ser capaz de inserir
no Conselho Nacional de Educação conselheiros como Yugo
Okida, vice-reitor da Universidade Paulista e Lauro Ribas
Zimmer, ex-reitor da Univesidade Estácio de Sá.
Okida,
sócio de João Carlos Di Gênio, um dos maiores empresários
da educação no Brasil, utiliza seu mandato no CNE, segundo
a revista Veja, para beneficiar sempre que pode
empreendimentos de pessoas como Emiliane Kubo, Jorge Brihy e
Oswaldo Pereira Barbosa. Brihy é sócio de Okida e Di Genio
no grupo Objetivo; Pereira Barbosa é cunhado de Di Gênio e
Kubo é sobrinha de Okida.
O
segundo, aprova todos os projetos de interesse da Estácio
de Sá, como é o caso da Sociedade de Ensino Superior de
Pernambuco e do Ceará, criadas respectivamente em 1998 e
1999. Não é por acaso que a Estácio de Sá cresceu, nos
últimos 30 anos. Segundo a Folha Dirigida, foi fundada em
1970 com 160 alunos de direito e hoje reúne uma comunidade
de, aproximadamente, 150 mil pessoas, estendendo seus tentáculos
para fora do país.
A
motivação da família Marinho, portanto, foi atingir a Estácio
de Sá e não o sistema viabilizador da educação superior
privada, o mesmo que vem tentando sepultar a Universidade Pública
há pelo menos sete anos. Trata-se de usar veículos de
comunicação como instrumentos de redefinição de nichos
do mercado universitário e não informar a sociedade
de maneira plena.
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Recursos para as
universidades públicas
O deputado Hélio
Costa (PMDB-MG) apresentou projeto de lei que obriga as
instituições particulares de ensino superior a contribuírem
com um percentual de seus lucros para a implantação e
manutenção das entidades públicas de ensino superior,
sejam federais, estaduais e distritais. O parlamentar
explicou que o percentual será definido pelos Conselhos de
Educação das três esferas do Poder Executivo.
Segundo o parlamentar
mineiro, a proposta visa corrigir distorções entre receita
e investimento educacional da parte das entidades
particulares de ensino superior. Hélio Costa entende que
essa contribuição é uma maneira de as entidades
particulares compensarem as públicas, já que muitos
professores são formados pelas universidades
federais. Fonte: Agência Câmara
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Comunicado da ADUR-RJ S. Sind.
Eleições
para Diretoria e Conselho de Representantes da ADUR,
biênio 2001/2003.
Inscrições:
de 17/12/2001 a
11/01/2002
na
secretaria da adur |
Na edição nº 34
do Adur Informa (mídia impressa), em uma das legendas das
fotos na página 3, atribuímos ao grupo coordenado pela
professora Maria Mercedes Teixeira da Rosa, do Depto de Botânica
do Instituto de Biologia, que levou para os eventos Rural na
Praça os princípios e ensinamentos do Ikebana, a
ação de orientar a formação de orquidáreos. Erro
da redação, que registrou naquele espaço texto que não
correspondia com a imagem em questão.
O costume de
oferecer flores e plantas à divindades impera no Japão há
séculos. No passado esta prática esteve associada às
oferendas a Buda. Com o passar dos séculos novas
perspectivas estéticas elaboradas a partir dos mosteiros
Zen, fizeram com que os arranjos fossem
se tornando mais simples e menores. |
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Após a Segunda Guerra Mundial ocorreu o crescimento do número de
estilos de Ikebana pelo mundo. Existem cerca de 2 mil
estilos, cada qual com seus nomes e esquemas particulares,
todos, porém, expressando a verdade, a beleza
e o bem como ideais a serem socializados e ofertados
entre as pessoas. |
Boas
Festas
Neste
fim de ano permeado por muitas lutas e vitórias que todos
os nossos companheiros possam ter um feliz Natal e o
ingresso no próximo ano marcado de alegrias e esperanças
de novas vitórias conquistarmos.
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