ADUR Informa
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ANO
22 |
Nº 32 |
25/9 A 9/10 |
2001 |
Seção
Sindical do ANDES-SN Filiada
à CUT |
ADUR
Informa - publicação da Associação dos Docentes da UFRuralRJ.
Conselho Editorial: Áurea Echevarria, Francisco de Assis da
Silva, Nídia Majerowicz,
Ricardo L. L. Berbara e Valdomiro Neves Lima.
Edição e editoração: Regina Rocha
(Reg. 16269/MTb).
Fotos:
Lenin Pires.
As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho
Editorial. |
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UFRRJ
DEIXA ESCAPAR R$ 3
MILHÕES DA FINEP |
PROJETO CONFUSO,
ENCAMINHADO POR COMISSÃO NOMEADA PELA REITORIA,
FOI PENALIZADO COM SIGNIFICATIVOS CORTES (SUPERIORES A 70%)
E FEZ COM QUE A RURAL DEIXASSE DE
RECEBER CERCA DE R$ 3 MILHÕES.
O RESULTADO, QUE DESRESPEITOU EDITAL DO FUNDO DE
DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURA (CTINFRA),
BENEFICIOU APENAS O INSTITUTO DE VETERINÁRIA QUE RECEBERÁ
OS R$ 1,27 MILHÕES. A REITORIA
NEGOU -SE A REGISTRAR PROTESTO JUNTO À FINEP. |
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Uma Comissão - integrada e presidida pela vice-reitora e
pro- fessora do Instituto de Veterinária, profª Maria da
Conceição Estelita Vianni; Jorge Jacob Neto, profes- sor
do Instituto de Agronomia e decano de pesquisa e pós-graduação
e Laerte Grisi, diretor do Instituto de Veterinária - tinha
como principal meta a formulação de um projeto que
articulasse todas as áreas envolvidas em um objetivo estratégico.
A decisão de um Comitê Gestor do CTINFRA acabou por
decepcionar a maioria.
De um total de R$ 4,5 milhões que a
Rural poderia receber devido ao número de doutores ligados
à instituição, apenas R$1,27 milhões serão liberados em
24 meses. Somente uma área foi agraciada, a de Medicina
Veterinária. O resultado, porém, poderia ser outro.
(Páginas 4, 5 e 6) |
Os esforços da maioria
esmagadora dos pesquisadores da UFRRJ para apresentar
projetos ao CTINFRA resultaram em nada. Diante da
possibilidade de solucionar alguns dos problemas de
infraestrutura para pesquisas, professores das mais diversas
áreas, em seis institutos, formu- laram propostas e
remeteram-nas para a Reitoria, conforme exigência do edital
nº 1 de 2001 da Finep, publicado no início do ano. |
Greve:
a ordem é mobilizar!
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Manifestações no Rio e em outras
capitais; ações nos ministérios em Brasília, em conjunto
com a intermediação de parlamentares sensíveis ao drama
das universidades públicas. Estes elementos quebraram a
intransigência do governo que teimava em não receber
servidores em greve. Depois de tentar desqualificar o
movimento em nota nos jornais, o ministro retrocedeu:
Andes-SN e Fasubra têm audiência com Paulo Renato dia 26.
Na sexta-feira, dia 28, voltamos às ruas para denunciar o
descaso do governo com o serviço público. (Página
3) |
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Ato
público
Dia
de luta chamado pela CUT no centro do Rio
sexta-feira
28/9 - 12h
Concentração
na Cinelândia |
Página
2
EM DEFESA DA VERDADEIRA
UNIVERSIDADE PÚBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE |
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No momento em que o MEC, por
intermédio de sua secretaria de ensino superior (SESU),
tenta desmobilizar os docentes das Instituições Federais
de Ensino Superior (IFES), em GREVE há 28 dias por uma
verdadeira Universidade Pública, Gratuita que garanta o
preceito constitucional estabelecido em seu art.207: |
“As Universidades gozam de
autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” , é
fundamental analisar alguns aspectos do texto da SESU que
circula pela Internet e como tais propostas chegam até o
nosso cotidiano.
A afirmação:
“...houve mudanças importantes de atitude das
comunidades acadêmicas, que ousaram se abrir e responder às
demandas da sociedade; o aprimoramento dos padrões
gerenciais das instituições...”
nos remete à observação que nos últimos anos,
como resultado direto de instruções normativas do MEC, as
IFES passaram a ser preparadas a assumir responsabilidades
que apontam para a ruptura da isonomia entre ensino,
pesquisa e extensão. Como conseqüência, pressões foram
exercidas em favor da expansão do número de vagas no
ensino de graduação e pós-graduação, sem a devida
contrapartida do MEC em termos de recursos humanos e
materiais, como é o caso da UFRRJ. Frente a essa
conjuntura, a Rural se curvou e, em uma série de ações
internas, passou a implementar, ferozmente, políticas orçamentárias
que a distanciaram de seus objetivos vinculados aos
fortalecimentos de grupos acadêmicos, associados à
projetos de pesquisa e formadores de pessoal acadêmico,
altamente qualificado. Políticas desenvolvidas por
professores-pesquisadores ao longo de décadas, como o apoio
à formação e consolidação de cursos de mestrado e
doutorado acadêmicos, strictu sensu, à grupos emergentes
de pesquisa, à programas de pré-iniciação científica,
entre outras, vêm sendo gradualmente desincentivadas,
enquanto paralelamente, ações vinculadas às atividades
meio, ao atendimento de demandas eleitorais e
à criação e manutenção de cursos pagos, passam a
merecer apoio estratégico.
Ao comentar a criação
de novos fundos para pesquisa, o documento da SESU afirma:
“ A criação do Fundo de Apoio à Infra-estrutura
geral de Pesquisa das Instituições Públicas (CT-Infra) e
dos fundos setoriais – antiga reivindicação da
comunidade científica – é outra iniciativa que
transforma de maneira substantiva o cenário do
funcionamento e da gestão da pesquisa” e
“ O mais importante porém é que esses recursos
representam, de um lado a possibilidade ímpar de
estabilidade para o financiamento da pesquisa no país” .
Tal comentário nos encaminha ao
número do Rural Semanal, nº 30 : “ FUNDO DE
INFRA-ESTRUTURA DÁ RECURSOS À UFRuralRJ” em
cujo texto se lê: “. ..o principal critério de
distribuição foi de acordo com o número de doutores no
quadro docente” e “
...a consolidação do projeto institucional considerou os
projetos dos diversos departamentos ..”
Toda comunidade
acadêmica de nossa Universidade ao ler este artigo, embora
não concordasse com o verbo DAR da manchete, criou grande
expectativa que as ações do grupo gestor do projeto,
formado pelos professores. Laerte Grisi, Jorge Jacob (Decano
de Pesquisa e Pós-Graduação) e Maria da Conceição
Estelita Vianni (Vice-Reitora), obtivessem êxito na
conquista dos R$4.500.000,00 requeridos e nos levassem à
obtenção daquela estabilidade do financiamento da pesquisa
indicada, inclusive, pela
SESU. Surpreendentemente, na edição seguinte, Rural
Semanal nº 31, a seção Colcha de Retalhos, traz como
manchete: “ Medicina Veterinária Recebe
Recursos para Infra-Estrutura”,
cujo texto é o teor de uma carta enviada, pela
FINEP, à Reitoria da UFRuralRJ, em 31.08.2001 que indica
que os recursos obtidos foram de R$1.270.000,00 e que os
mesmos devem ser adequados às metas físicas e itens de
dispêndio relacionados, exclusivamente, com a área de
Medicina Veterinária. Como esse valor é o mesmo que consta
do artigo do Rural Semanal nº 30, a busca da estabilidade
da pesquisa, no interior da UFRuralRJ, está, via FINEP,
dando lugar ao que Marilena Chauí, define, de forma claríssima,
ao analisar a estrutura da universidade atual como uma
organização social : “ Numa organização, uma
“pesquisa” é uma estratégia de intervenção e
controle de meios e instrumentos para a consecução de um
objetivo delimitado”.
Finalmente, como já
estamos vendo os primeiros editais para a contratação,
pelo regime estatutário, de docentes doutores, em algumas
IFES, temos que refletir sobre o texto da SESU, onde afirma:
“A constituição dos quadros de empregos das instituições
será uma excelente oportunidade para se promover o necessário
equilíbrio de oportunidades entre estas. Caberá
posteriormente a cada uma delas promover uma distribuição
interna que não repita as distorções do passado. A renovação
dos quadros de pessoal, a partir da chamada “ Lei de
Empregos ” deverá
resolver o problema de número elevado de professores
substitutos, ao redor de 8.011, hoje existentes, muitos
deles sem a qualificação necessária.” Ou
seja, depois de desrespeitar à autonomia universitária, no
tocante à forma de contratação para as atuais 2000 vagas
docentes, o MEC agora, fala sobre equilíbrio e distribuição
interna que supere distorções, acenando aos atuais
dirigentes universitários com a famigerada “ Lei de
Empregos “ em substituição ao regime que contrata, hoje,
apenas 25% do déficit do corpo docente das IFES.
O movimento docente,
mais do que nunca, entende que está jogando uma das últimas
batalhas para fazer valer a Constituição Federal, em
vigor, e que o posicionamento vigoroso do Conselho Superior
de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) de nossa Universidade
é URGENTÍSSIMO em defesa da verdadeira Universidade Pública,
Gratuita e de Qualidade, do regime estatutário na contratação
de seus recursos humanos e da efetiva dedicação exclusiva
de seu corpo docente, pois as políticas de fragmentação
entre o ensino, a pesquisa e a extensão, que se
consubstanciam por meio de: aprovação de cursos pagos,
contratação de docente “voluntário”, contratação de
professores “substitutos” em regime de 20 horas,
assinaturas de convênios de criação de “turmas de
graduação” em outros locais, sem o devido acompanhamento
do cumprimento de suas cláusulas, têm, nas deliberações
do CEPE, o ponto inicial que permite o início dessas práticas
que destróem, a partir de seu interior, a nossa querida
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. |
Página
3
GOVERNO
AMEAÇA E REAÇÃO AUMENTA |
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No
dia 12, uma grande manifes- tação de trabalhadores de
diversos setores do serviço público parou o centro do Rio.
Com presença marcante de docentes, funcioná- rios e
estudantes das universi- dades, a passeata percorreu do Sambódromo
à Cinelândia, pa- rando as avenidas Presidente
Vargas e Rio Branco. |
Atos assim se repetiram
nas principais capitais do país. No dia 28/9, sexta-feira,
voltamos às ruas no ato unificado organizado pela CUT, com
concentração às 12h na Cinelândia. |
O
movimento vem ganhando as ruas. Projetou a nossa greve,
denunciando o descaso do governo e colheu o apoio da população.
O governo acusou o golpe e, em retaliação, foi à imprensa
desqualificar nossas ações. Em nota paga dia 19, o MEC
desfilou números questionáveis e ameaças que só
alimentam o ânimo da luta. Depois retrocedeu: Andes-SN e
Fasubra conseguiram audiência com o ministro Paulo Renato
quarta-feira, 26/9.
Na linha de não receber servidores em greve, o governo tentou,
semana passada, desmobilizar as reuniões agendadas no
Ministério da Educação e do Planejamento. Docentes ,
servidores e estudantes fizeram manifestação no dia 19, em
frente ao MEC, tornando pública a intransigência do
governo. Representantes dos comandos conseguiram, então,
ser recebidos pelo secretário executivo do MEC, Luciano
Patrício, que acertou audiência dia 26 com o ministro
Paulo Renato. Na pauta, pontos como remuneração,
necessidade de concurso público pelo RJU, nossa posição
contrária à regulamentação da lei do emprego público e
financiamento.
ANDES-SN
INDICA AÇÕES CONJUNTAS
A
greve atinge docentes de 50 Seções Sindicais. Outros
elementos confirmam sua força: o quadro
de votações nas assembléias, com unanimidade em
muitas delas; a greve dos estudantes em
26 IFES, o apoio de muitos Conselhos Universitários
e a ação junto a parlamentares, que
reconhecem a força do movimento e a crise que
atravessa a universidade e seus trabalhadores. É
importante que continuemos a radicalizar nossas
ações.
Nas
Seções Sindicais, nos deparamos com uma
dinâmica ímpar. Algumas propostas, mesmo não
consolidadas são emblemáticas, como suspensão
do vestibular, perda do semestre, não reposição
das aulas e paralisação da pesquisa. Devem
ser vistas como mecanismos de pressão que
poderão ser utilizados, conforme avaliação do
movimento em seu conjunto. O movimento aponta
para um enfrentamento duro e convoca
toda a sociedade para a Marcha Nacional em
Defesa da Educação Pública dia 3 de outubro
em Brasília.
|
Na nota o
MEC relaciona cifras de 95 até aqui: aumento no orçamento
das ifes de R$ 5,7 bilhões para R$ 7,4 bilhões; realização
de quase 11 mil concursos para docentes; o aumento de
concessão de bolsas da Capes de 17,9 mil para 22,7 mil;
aumento de 357 mil para 468 mil os alunos da graduação; de
30 mil para 48,5 mil os da pós-graduação; aumento de 22%
para 39% de professores doutores; criação da GED em junho
de 1998, reajustada em 30% em janeiro de 2000, com reajuste
médio, segundo eles, de 62%.
A nota finaliza: “Longe de estarem sucateadas são
hoje universidades melhores e mais engajadas na vida do país
do que há seis
anos. (...) O Ministério da Educação não permitirá que
essa paralisação prejudique as atividade normais e
utilizará todos os meios ao seu alcance para preservar o
direito dos alunos a uma educação de qualidade...”.
Quem prejudica é o MEC
O ministério se apropriou do esforço da comunidade, que
luta pela manutenção da produção acadêmica apesar da
falta de condições e infra-estrutura imposta pelo governo
que desconsidera o papel estratégico das ifes.
Para iludir a população, fala em reajuste de mais de 62%,
distorcendo o caráter
variável e discriminatório da GED. E distorce números e
dados orçamentários. O próprio MEC admite o enorme déficit
de docentes. Reitores denunciam com freqüência o
contingenciamento de recursos que chega ameaçar o semestre.
Em termos absolutos o volume de recursos públicos postos a
disposição das 39 universidades federais, pelo MEC,
aumentou de R$ 4,8 bilhões em 95 para R$6,7 bilhões em
2000, ou seja, cresceu 39,58 %. Portanto, ficou 0,13% abaixo
da inflação medida pelo INPC/IBGE (39,77%) entre junho de
95 a junho de 2000, ou então 10,6% abaixo do IGP-DI (54,34%
entre junho de 1995 a junho de 2000). Dos R$ 137 milhões
previstos para as 52 IFES este ano, até o momento só foram
liberados R$ 3,4 milhões até 17/8 (2,43% do total). Na pós-graduação,
de R$ 8,3 milhões, só R$ 650 mil (7,52%) foram gastos
(fonte: A Gazeta, de Vitória). O
MEC faz as costumeiras ameaças a que sempre
respondemos com mais vontade de lutar.
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Páginas
4, 5 e 6
CT-INFRA:
Projeto expõe deficiências institucionais da Rural
O
edital da FINEP nº 1/2001, que a reitoria da UFRRJ tomou ciência
em 26/4 segundo informação da vice-reitoria, definiu que
os planos de desenvolvimento em infraestrutura para pesquisa
seriam apresentados pela “Administração Superior , que
justificará o plano à luz das prioridades e objetivos
estratégicos da instituição, mencionando a importância,
relevância e contribuição para o desenvolvimento da
pesquisa”. Conforme o edital, cada plano deveria ser
elaborado a partir de um diagnóstico institucional que
identificasse suas vocações e competências,
disponibilidade de recursos humanos e materiais, atividades
de pós-graduação e pesquisa, estágio atual do
desenvolvimento da pesquisa e inserção no contexto de
C&T.
O
que é CT-INFRA
A
Lei nº 10.197, de 14 de fevereiro de 2001, criou o CTINFRA.
Um Fundo de Investimento formado com 20% dos valores
destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico - FNDCT. A maioria destes recursos, hoje, é
proveniente das chamadas Agências Reguladoras, como as da
área de Petróleo, Telecomunicações, Energia, entre
outros.
Através
do edital 1/2001, a FINEP divulgou as normas para que as
instituições públicas de ensino superior, bem como
organizações sociais legalmente instituídas,
apresentassem propostas para o fortalecimento da
infra-estrutura. Tendo como base o número de docentes com
doutorado, as instituições fariam jus a financiamentos
para aquisição, instalação e conserto de equipamentos;
construções e reformas de instalações físicas, entre
outras possibilidades. A UFRRJ, de acordo com o número de
professores doutores, poderia receber até R$ 4,5 milhões.
Doutores |
Milhões |
800 ou + |
15 |
400 a 799 |
9 |
100 a 399 |
4,5 |
99 ou - |
1,5 |
Comissão
A
Reitoria designou, através da portaria nº 351, uma comissão
composta pela vice-reitora Maria da Conceição Estelita
Vianni; Jorge Jacob, decano de Pesquisa e Pós-graduação,
e Laerte Grisi, atual diretor do Instituto de Veterinária.
Segundo Laerte, “após analisar o edital e conhecendo as
necessidades de recuperação da infra-estrutura da
Universidade como um todo, a primeira decisão dessa comissão
foi propor ao magnífico reitor que este edital número um
fosse limitado, dentro da própria universidade, apenas às
Ciências Agrárias ”. A área de Ciências Ambientais
também foi incorporada ao projeto. O entendimento da comissão,
segundo Laerte, foi de que dispersar esses recursos pela
Rural seria fragmentar os R$4,5 milhões. Essa orientação
foi acatada pelo reitor e informada quando da convocação
da comunidade científica local, de acordo com Laerte, através
de e-mail e pelo informativo Rural Semanal.
Os
pesquisadores dos Institutos de Agronomia, Biologia, Ciências
Exatas, Florestas, Tecnologia e Veterinária apresentaram 15
projetos voltados para as áreas de Ciências Agrárias e
Ambientais. Eles teriam
somado, conforme a vice-reitora informou ao Adur
Informa, o valor de R$ 9.145.405,20. Coube então à comissão
praticar cortes para adequar ao teto de R$ 4,5 milhões.
Laerte
Grisi informou que o critério foi relativamente linear e
proporcional. “Não houve critérios como: ‘um está
mais bem elaborado que o outro’. Não houve o julgamento
do mérito, ou mesmo técnico, pois esse não era o princípio
da comissão. Houve apenas a adequação para fazer caber
tudo em R$ 4 milhões e meio. Para isso tivemos que diminuir
o pleito de cada um”.
Estelita
Vianni, por sua vez, informou que foram excluídos projetos
que não obedeceram ao roteiro ou formulário
distribuído pela
FINEP; materiais de informática e aparelhos de ar
condicionado; equipamentos de
altíssimo valor ou já solicitados por projetos
diferentes; equipamentos do PMQES (Programa de modernização
e Qualificação do Ensino Superior – MEC) e, por último,
priorizou-se equipamentos e as obras. Desta forma, comunicou
a vice-reitora, chegou-se ao montante de R$ 4.496.390,00.
O
projeto da Rural
O
projeto encaminhado à Finep tinha como suporte os cursos
avaliados de nível 6, da CAPES. Estes são, conforme o
documento, os cursos de Mestrado e Doutorado em Ciências do
Solo, Medicina Veterinária e Parasitologia Veterinária,
“enfocando a aquisição de equipamentos que possam
alavancar e aprofundar os estudos nas áreas de Biologia
Molecular”. Dessa forma o projeto foi concluído pela
comissão.
Segundo
o diretor do Instituto de Agronomia, Nelson Brasil, os
diretores de unidades não foram convocados para discutir o
projeto. Este foi direto para homologação no Conselho
Universitário, muito embora houvesse apreensão quanto ao
conteúdo do projeto após os cortes.
“O
tempo foi escasso para debater com a comunidade”, alegou
Laerte Grisi. O diretor do IV disse que vários institutos
encaminharam propostas faltando poucos dias para o
encerramento do prazo. A vice-reitora confirmou essa versão:
“o prazo previsto de recebimento era 30/5, sendo
prorrogado para 22/6”. A proposta, que considerou ainda
cursos de pós-graduação e núcleos de pesquisas nas áreas
de Genética, Fisiologia Vegetal, Fitotecnia, Ciências
Ambientais e Florestais, Geociências, Tecnologia de
Alimentos, Fitopatologia, foi aprovada pelo Conselho
Universitário sem discussão mais aprofundada.
Descontentamento
No
dia 21 de agosto o Comitê Gestor do CTINFRA, formado por
representantes do Ministério de C&T, MEC e da
comunidade científica reuniram-se e decidiram como alocar
os recursos do CT-INFRA. A UFRRJ, que poderia receber, de
acordo com a tabela da Finep, R$ 4,5 milhões, terá acesso
a somente R$ 1.270.000.
Algumas
ifes sofreram perdas análogas, entre elas a Universidade
Federal Fluminense que poderia contar com até R$ 9 milhões
e só receberá R$1.720.000. No entanto, outras conseguiram
chegar bem próximo ao teto. A Universidade Federal de Viçosa,
que conta com 414 professores doutores, foi contemplada com
R$ 4.700.000. A UFRJ, com mais de 800 doutores, faria jus a
R$ 15 milhões e receberá ao longo de 24 meses, como
assegura o edital, R$12.260.000.
Novas
surpresas
A
redução dos recursos, porém, não foi o único problema.
No dia 31 de agosto, o Superintendente da Área de Instituições
de Pesquisa e Empresas Emergentes da Finep, Fernando de
Nielander Ribeiro, assinou um documento endereçado à
Reitoria informando que todo o montante definido pelo Comitê
Gestor deveria ser empregado na área de Medicina Veterinária.
O documento chegou na Rural, segundo o protocolo da
Reitoria, em 6 de setembro, véspera de feriado. E
estabelecia um prazo de 15 dias para que a UFRRJ readaptasse
o projeto ao valor de R$ 1.270.000, cerca de R$170 mil a
mais do que o Instituto de Veterinária teria solicitado no
projeto encaminhado, segundo informou Laerte Grisi.
Analisando os exercícios orçamentários da UFRRJ, este
montante representa o equivalente a vinte anos de recursos
de custeio para aquela unidade, enquanto apenas a diferença
(R$170 mil) equivale a duas vezes o orçamento do IV.
Reunião
informal
Na
quarta-feira, 12 de setembro, o reitor convocou os diretores
de instituto para uma reunião informal quando divulgou a
decisão, corrigindo a informação veiculada na edição
30/2001 do boletim da Reitoria: não era toda a UFRRJ que
estaria recebendo a proposta, mas somente a área de
Medicina Veterinária.
Muitos
dos presentes ficaram sem saber o que dizer. Não foi o
caso, porém, do Diretor do Instituto de Agronomia. Nelson
Brasil solicitou esclarecimentos ao reitor José Antônio
Veiga, à vice-reitora, assim como ao professor Laerte Grisi.
Estes teriam dito não ter informações adicionais. Brasil
enfatizou ao reitor que entrasse em contato com a Finep e
registrasse discordância com a decisão. O reitor teria se
negado a fazê-lo alegando “se tratar de uma decisão técnica”.
Recursos
limitados
O
edital fala que o mérito de cada proposta é avaliado por
“Grupos de Análises (GA) compostos por especialistas
nacionais e estrangeiros nas diversas áreas de
conhecimento”. Estes julgariam de acordo com critérios
como consistência e coerência internas do plano; visão
institucional e natureza estratégica; mérito e relevância
da proposta científica e tecnológica; resultados
esperados; qualificação e competência da(s) equipe(s)
responsável(veis) pelas áreas priorizadas no plano da
instituição, entre outros. O Grupo de Análise - também
chamado de Comitê Assessor -
teria sido formado por 29 membros e responsável,
segundo informações da Finep para a Reitoria, pela
delimitação dos recursos e por sugerir a alocação
integral na Medicina Veterinária.
A
ADUR não obteve cópias do parecer ou da identificação
dos membros ad hoc. Informações sigilosas, de acordo com a
FINEP.
Poderia
ser diferente
A
formulação do projeto pode ter sido prejudicada pela
centralização de sua elaboração e definição de linhas
estratégicas e objetivos, na comissão instituída pelo
Reitor. Por outro lado, a falta de debate com a comunidade
levou à elaboração de um projeto desarticulado
internamente com pouca consistência. Em outras
universidades o processo foi diferente e o resultado também.
Na
Universidade Federal de Viçosa, por exemplo, o esforço
institucional de se articular um projeto único acabou
premiando àquela ifes que conta com 414 doutores: R$
4.700.000 serão liberados, nos próximos dois anos, para
viabilizar o que todos os grupos decidiram: um Centro de
Microscopia (Veja mais exemplos na página 6).
A definição de que
todo o montante deve ser alocado em uma área significou uma
exacerbação do papel do Grupo de Análise responsável
pela Rural. No edital não está definida tal competência.
No mínimo, a Reitoria deveria fazer chegar à Finep essa
reflexão. Se não por sua iniciativa, pelo menos em
respeito à comunidade científica local que, com certeza,
se sente atingida. |
É preciso fortalecer a pesquisa de forma responsável, qualificada e
democrática na UFRRJ |
No
mês de agosto, foram julgadas, pela FINEP, as propostas de
cerca de 150 instituições públicas de ensino e pesquisa
que pleiteavam obter recursos da 1ª
rodada do Fundo de Infra-Estrutura para a
Pesquisa (CT-Infra). Eram recursos da ordem de R$ 150
milhões para aplicação em 24 meses. Destes, a Rural
poderia obter, em função do número de professores
doutores, até R$ 4,5 milhões. Eram recursos quase que
certos e que viriam em um momento em que os laboratórios
encontram-se em situação caótica.
A
Administração Superior chamou para si a responsabilidade
de elaborá-lo sinalizando que poderia haver um esforço de
propor um objetivo coerente, articulado internamente e
pactuado entre a direção acadêmica e seus pesquisadores.
Neste sentido, era estratégico, na formulação do projeto,
vincular áreas de conhecimento de tal forma que interfaces
fossem ocupadas e ficasse evidente que a proposta
expressasse um esforço institucional. Isso, porém, não
ocorreu.
Colcha
de retalhos
A
Comissão, coordenada pela Vice-reitora, professora Maria da
Conceição Estellita Vianni e integrada pelos professores
Laerte Grisi (Diretor do Instituto de Veterinária) e Jorge
Jacob (Decano de Pesquisa e Pós-Graduação), não convocou
os coordenadores de subprojetos objetivando definir metas
estratégicas e prioridades, demonstrando a inexistência de
um projeto consolidado para as atividades de pesquisa na
Rural. A Instituição demonstrou desconhecer projetos
desenvolvidos em seus laboratórios, seus pontos fortes e
fracos, seus programas de expansão e interfaces, que
demonstrassem sua capacidade multiplicadora de ações. Este
distanciamento, resultou no envio à FINEP de uma colcha de
retalhos.
Conforme
crítica de um dos consultores da FINEP (Jornal da Ciência
da SBPC no 464,
17/08/2001), algumas propostas institucionais davam a idéia
de que as reitorias e pró-reitorias haviam pedido a seus
pesquisadores que indicassem as suas necessidades, apenas
consolidando tudo de modo acrítico. Foi nosso caso. No
projeto enviado percebeu-se constrangedora falta de foco, o
que expressou-se pelo envio de várias propostas
independentes, uma para cada componente institucional,
comprometendo seriamente a sua qualidade.
Em
sua definição estratégica, o documento enviado pela
Rural, propõe apoio à área de biologia molecular. Bem,
esta definição não expressou a posição dos
pesquisadores envolvidos mesmo porque não houve consulta.
Por outro lado, mesmo que tivesse havido, e a opção fosse
correta, quando observada a “lista de compras”
observou-se ter havido uma total falta de sintonia interna.
Isto é, as metas estratégicas não se alinhavam com os
objetivos específicos e ainda menos com o material
requisitado. Buscou-se “agradar” a muitos e terminamos
perdendo uma rara oportunidade.
Perdeu-se
rara oportunidade
Momentos
como este não podem ser desperdiçados. Perdemos a
oportunidade de adquirir equipamentos de ponta
(necessariamente caros), que permitissem a consolidação de
grupos de pesquisa através da integração de distintas áreas
do conhecimento. Perdeu-se a oportunidade de articular
grupos até hoje dispersos, em torno de um programa
institucional de pesquisa. Perdeu-se a oportunidade de
criar-se novos laboratórios com atuação em linhas de
pesquisa inéditas na Rural. Mas acima de tudo, perdeu-se a
confiança de que a Administração Superior expresse os
mesmos interesses e objetivos da comunidade de pesquisadores
da Rural.
Frustração
Finalmente,
quando o resultado final foi divulgado, um sentimento de
frustração e perplexidade tomou corpo dos Departamentos. O
Magnífico Reitor e a comissão coordenadora deram o fato
como consumado e não registraram qualquer reação junto à
FINEP, uma vez que o Edital havia sido desrespeitado, ao
encaminhar o total dos recursos a apenas um Instituto.
Estes
acontecimentos constrangedores demonstram que a Universidade
precisa preparar-se para enfrentar desafios institucionais;
precisa elaborar urgentemente uma POLÍTICA INTERNA DE APOIO
À PESQUISA capaz de estimular e articular grupos já
consolidados e os grupos emergentes. A falta de uma política
de pesquisa clara e pactuada entre os grupos de
pesquisadores abre espaços para soluções meramente
corporativas que muitas vezes “canibalizam” outros
setores da própria instituição.
Novo
edital
A
ADUR-RJ conseguiu junto a FINEP informações de que nas próximas
semanas haverá a abertura de um novo edital junto ao
programa de infra-estrutura para a pesquisa. Sugerimos que o
processo de elaboração deste obedeça princípios estratégicos
e siga objetivos elaborados pelos docentes interessados.
Neste sentido, a Administração Superior deve criar condições
de infra-estrutura para sua elaboração. Talvez, seja esta
a forma mais responsável, qualificada e democrática de
enfrentarmos este novo desafio. |
“A reitoria
deve explicações a universidade”
Nelson
Moura Brasil, diretor do Instituto de Agronomia, foi o único
a verbalizar uma reação entre os diretores diante do anúncio
feito pelo reitor, em reunião informal dia 12/9, de que os
recursos do CT-INFRA contemplariam apenas o Instituto de
Veterinária. Diretor de uma instituição que tem um dos
cursos nível 6 da Capes, ele estranha a decisão:“Em
nenhum momento, nem no documento da Reitoria, nem no edital
da Finep, foi citado que uma área seria contemplada em
detrimento de outras”.
Nelson diz que o
projeto de desenvolvimento de Infraestrutura para Pesquisa
do Instituto de Agronomia foi elaborado, desde o início,
tendo como prioridade o encaminhamento de uma proposta única
e articulada entre seus proponentes. Para isso foi criada
uma comissão composta pelos chefes de todos os
departamentos e coordenadores de pós-graduação. O
objetivo era integrar todas as áreas. Nelson, com ironia,
constata: “Achamos que essa era a forma mais correta,
segundo o edital. Pelo resultado, acho que não agimos
corretamente”.
O diretor do
Instituto de Agronomia criticou a forma como se procederam
os cortes para a adequação da proposta ao teto de R$ 4,5
milhões. Segundo ele, o Instituto de Agronomia identificou
que poderia haver cortes e, a partir daí, solicitou em
documento formal, a participação no processo de adequação
e orçamentária. A Comissão não atendeu a este pleito.
Segundo Nelson M. Brasil, as comissões das unidades
proponentes eram as mais qualificadas para proceder a adequação
preservando o princípio que presidiu todo o processo; “Os
cortes foram feitos e o projeto final foi apresentado apenas
para homologação no Conselho Universitário”, constata.
Nelson Brasil
discorda também da informação de que os cortes foram
feitos linearmente. Segundo ele, foram eliminados da lista,
equipamentos considerados caros; equipamentos solicitados e
aprovados em outros processos, como também todo o
equipamento de informática, sob a alegação de que existem
laboratórios de informática. “Mas estes laboratórios são
para a graduação e não para pesquisas de pós-graduação”,
lembra.
Nelson Brasil
acredita que o processo da elaboração da proposta da Rural
para o CTINFRA foi marcado por dois momentos: um primeiro
mais amplo, quando se deu ciência a todos os Institutos que
poderiam encaminhar seus pleitos, diferente do momento onde
se precisou adequar a proposta ao teto de 4 milhões e meio.
“Na hora do corte eles alegaram que não houve tempo hábil,
mas considerando o primeiro momento definido para a entrega
dos projetos, haveria”. O prazo de entrega, segundo
Brasil, foi postergado 2 ou três vezes. Muitos Institutos
demoraram a entregar e o tempo foi passando sem que a
reitoria tomasse iniciativa para compatibilizar, com tranqüilidade,
um projeto coerente.
O diretor do IA
diz que estranhou o resultado. Da mesma forma, teria
estranhado a atitude do reitor e da vice-reitora que se
negaram a expedir um documento à Finep relatando que a
decisão tinha sido mal recebida na Rural. Afinal, muitos núcleos
de tradição em pesquisa acabaram sendo prejudicados. Com
essa atitude, na opinião de Nelson Brasil, a reitoria
acabou por adquirir uma dívida para com a comunidade. |
Falha na Comunicação
No
Boletim Rural Semanal nº 30, de 10/9, a manchete principal
era “Fundo de Infra-Estrutura dá Recursos à UFRRJ”.
Esta foi a informação veiculada pela Reitoria muito embora
tivesse chegado à universidade documento da FINEP de 31/8,
anunciando a decisão que penalizava a maioria da comunidade
científica local.
Só
na semana seguinte, no boletim nº 31, a Administração
Superior, sem o mesmo destaque, anunciaria o teor correto da
decisão. Ou
seja, que somente o Instituto de Veterinária receberia os
recursos destinados à Rural.
Ainda
no Rural Semanal,
nº 30, na mesma matéria sobre o CT-INFRA, a
Reitoria, ao noticiar que a redução de R$ 4,5 para R$ 1,27
milhões pela Finep completa : “Mas como aconteceu nas
demais instituições, o total financiado é bem inferior
ao limite potencial apresentado”. Números contestam
tal afirmação. Veja só ... |
IFES |
Doutores |
Recursos
(R$ milhões) |
UFV |
414 |
R$ 4,7 |
UFPR |
570 |
R$ 4,5 |
FURGS |
80 |
R$ 1,36 |
CT-INFRA em
outras IFES
Na
UFRJ, por exemplo, os recursos a serem liberados contemplarão,
praticamente, todas as áreas. Segundo Agnaldo Guimarães,
superintende da Sub-reitoria de Pós-graduação, lá também
existiu uma comissão que, no entanto, manteve contato com
os diretores de unidades em reuniões semanais. Como
resultado, a UFRJ conquistou R$ 12,26 milhões, dos R$ 15
milhões possíveis. Na UFPR, com 570 doutores com dedicação
exclusiva, o montante foi de R$ 4.540.000. A Fundação
Universidade de Rio Grande, com 80 doutores, recebeu próximo
do limite de sua faixa e mais do que a UFRRJ, R$1.360.000.
Na Rural, os recursos
concedidos ficaram bem abaixo do requisitado. A UFF é o
exemplo mais notório. Mas os resultados comprovam
que onde se priorizou projetos integrados, relevantes
articulados internamente e bem justificados, os cortes não
foram semelhantes ao ocorrido com a nossa instituição,
onde mais de 70% dos recursos deixaram de ser adquiridos. Um
volume de recursos precioso para o desenvolvimento da
infra-estrutura favorecendo a grupos de pesquisas
consolidados e emergentes.
|
Laerte Grisi,
professor e Diretor do Instituto de Veterinária, é também
o presidente da Fundação de Apoio à
Pesquisa Científica da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (FAPUR) e foi vice-reitor da primeira gestão
do professor José Antônio Veiga.
Conduzido, pelas
circunstâncias, ao centro da polêmica, ele recebeu a
reportagem do Adur Informa, esclarecendo a atuação da
comissão que integrou, segundo ele, na qualidade de
assessor do reitor. Ele comentou também a decisão da
Finep, concedendo ao Instituto que passou a dirigir, em suas
palavras, a partir do início de setembro.
Laerte disse não
ter idéia de que critérios ou elementos pesaram na decisão
da FINEP. Ele lembrou que o projeto seguiu apontando
claramente que as áreas a serem fortalecidas pelo CTINFRA
seriam as Ciências Agrárias e Ambientais. Mostrou cópia
do projeto, chamando a atenção que o carro-chefe deste
eram os cursos de Mestrado e Doutorado de Ciências do Solo,
Medicina e Parasitologia Veterinária.
Perguntado como
ele veria possíveis correlações com sua participação na
Comissão e o fato de somente o Instituto que dirige ter
sido contemplado, respondeu que tem a consciência tranqüila:
“Só pode pensar assim quem desconhece os mecanismos do
edital e ignora o funcionamento da própria Finep”. Além
disso, emendou, “não tenho essa capacidade de influenciar
“.
Perguntado sobre
porquê não acatou a solicitação feita pelo diretor do
Instituto de Agronomia que buscasse interceder como membro
da Comissão, respondeu que a mesma já tinha encerrado seus
trabalhos. Sobre o episódio do comunicado da FINEP, Grisi
afirma que tomou conhecimento da decisão na véspera do
feriado de 7 de setembro. Sua primeira reação, segundo
conta, foi ligar para Finep; foi informado que teria 15 dias
corridos, a partir da postagem do documento em 31/8, para
providenciar a adequação do projeto. Laerte, contudo,
reconheceu que a decisão da Finep surpreendeu: “Foi a
primeira vez que isso ocorreu”. |
Página 7
Relatório
Financeiro da ADUR-RJ S. Sind.
|
1- RECEITAS |
|
|
1.1- ENTRADAS |
|
|
1.1.1- Mensalidades dos Filiados e Taxa Extra |
17.278,92
|
|
1.1.2- Unimed |
78.339,84
|
|
1.1.3- Taxa Adm. Unimed |
2.362,91
|
|
1.1.4- Rendimentos de Investimentos |
558,79
|
|
TOTAL DE ENTRADAS |
98.540,46
|
|
|
|
|
2- SAÍDAS |
|
|
2.1- Administração – Pessoal |
|
|
2.1.1- Salários |
2.685,78
|
|
2.1.2- Encargos Sociais |
275,73
|
|
2.1.3-
Auxílio Saúde
|
279,03 |
|
2.1.4-
1ª Parcela do 13º Salário |
1.725,00 |
|
TOTAL |
4.965,54 |
|
|
|
|
2.2- Administração Diversos |
|
|
2.2.1-
Correios |
64,80 |
|
2.2.2-
Serviços de Contabilidade |
377,00 |
|
2.2.3-
Consultoria Jurídica |
1.089,90 |
|
2.2.4-
Unimed |
78.765,64 |
|
2.2.5-
Despesas com Telefone |
714,35 |
|
2.2.6-
Serviços de Arquivo |
300,00 |
|
2.2.7-
Cons. e Man. da Sede |
343,97 |
|
2.2.8-
Energia Elétrica |
141,37 |
|
2.2.9-
Provedor Internet |
19,90 |
|
2.2.10-
Material de Consumo |
127,70 |
|
2.2.11-
CPMF e Despesas Bancárias |
306,22 |
|
2.2.12-
Despesas de Cartório |
24,85 |
|
2.2.13-
Aquisição de Calculadora |
147,90 |
|
2.2.14-
Material de Informática |
65,00 |
|
2.2.15-
Boletim ADUR Informa |
1.820,00 |
|
2.2.16-
Descupinização da Sede |
600,00 |
|
2.2.17-
Distribuição de Boletins |
20,00 |
|
TOTAL |
84.928,60 |
|
|
|
|
2.3- Despesas Institucionais |
|
|
2.3.1-
Mensalidade da ANDES |
2.684,59 |
|
2.3.2-
ANDES - CNM |
170,75 |
|
2.3.3-
ANDES – CUT |
665,77 |
|
2.3.4-
ANDES Solidariedade |
100,72 |
|
2.3.5-
Comissão Eleitoral |
1.468,05 |
|
2.3.6-
Confecção de Cédulas |
565,00 |
|
2.3.7-
CONAD |
1.959,91 |
|
TOTAL |
7.614,79 |
|
|
|
|
TOTAL
DE SAÍDA |
97.508,93 |
|
1-
RECEITAS |
|
|
1.1-
ENTRADAS |
|
|
1.1.1-
Mensalidades dos Filiados e 13º salário |
26.886,58 |
|
1.1.2-
Unimed |
78.608,16 |
|
1.1.3-
Rendimentos de Investimentos |
527,81 |
|
TOTAL
DE ENTRADAS |
106.022,55 |
|
|
|
|
2- SAÍDAS |
|
|
2.1-
Administração – Pessoal |
|
|
2.1.1-
Salários |
3.379,32 |
|
2.1.2-
Décimo Terceiro Salário |
1.264,87 |
|
2.1.3-
Auxílio Saúde |
279,03 |
|
2.1.4-
Encargos Sociais |
3.370,99 |
|
TOTAL |
8.294,21 |
|
|
|
|
2.2- Administração Diversos |
|
|
2.2.1-
Correios |
461,20 |
|
2.2.2-
Serviços de Contabilidade |
927,00 |
|
2.2.3-
Consultoria Jurídica |
906,00 |
|
2.2.4-
Unimed |
78.677,10 |
|
2.2.5-
Despesas com Telefone |
332,49 |
|
2.2.6-
IPVA |
47,51 |
|
2.2.7-
Cons. e Man. da Sede |
339,38 |
|
2.2.8-
Energia Elétrica |
239,29 |
|
2.2.9-
Provedor Internet |
19,90 |
|
2.2.10-
Material de Consumo |
21,10 |
|
2.2.11-
CPMF e Desp. bancárias |
333,64 |
|
2.2.12-
Serviços de Arquivo |
300,00 |
|
2.2.13-
Distribuição de boletins |
20,00 |
|
2.2.14-
Material de Informática |
163,52 |
|
2.2.15-
Boletim Adur |
692,00 |
|
TOTAL |
83.480,13 |
|
|
|
|
2.3- Despesas Institucionais |
|
|
2.3.1-
Mensalidade da ANDES |
5.377,31 |
|
2.3.2-
ANDES - CNM |
170,75 |
|
2.3.3-
ANDES – CUT |
665,96 |
|
2.3.4-
ANDES – Solidariedade |
100,75 |
|
Confecção
Faixa |
25,00 |
|
Comissão
Eleitoral |
300,00 |
|
TOTAL |
6.639,77 |
|
|
|
|
TOTAL
DE SAÍDA |
98.414,11 |
|
Página 8
Docente Voluntário:
uma
afronta às nossas reivindicações |
Voluntário é o
que age espontaneamente, é aquele que se alista por
vontade própria nas forças armadas, que faz leitura
para cegos, que ajuda
o bazar local de caridade, que visita asilo de velhos ou que
brinca com crianças no orfanato. Uma analise de obras
existentes na literatura revela uma acentuado consenso de
que o trabalho voluntário contribui para a felicidade ao
eliminar o tédio e dar um objetivo à vida.
No Brasil, em
1865, por exemplo, foram organizados batalhões para suprir
a necessidade de homens nas tropas brasileiras, então
empenhadas na Guerra do Paraguai: eram os voluntários da Pátria |
e à poucos dias, em decorrência
dos ataques terroristas nos Estados Unidos, este país
abriu voluntariado para atividades bélicas iminentes e também
as entidades religiosas, e filantrópicas constantemente
utilizam-se de
trabalho voluntário para o desenvolvimento de seus
objetivos. |
Figura obtida na hp do
ANDES-SN
|
A universidade
brasileira não é organização militar, o país não está
em guerra, nem o ensino é atividade filantrópica ou, muito
menos religiosa e tais observações fazem sentido quando se quer discutir o trabalho voluntário na educação.
Sob o aspecto
legal não há o que contestar. Partindo de uma oferta
espontânea, o
docente, ou qualquer outro servidor , pode oferecer os seus
serviços gratuitos
à entidades públicas,
amparadas ambas as partes pela Lei n. 9.608, de 18 de
fevereiro de 1998, a qual define o serviço voluntário como
atividade não remunerada, prestada por pessoa física à
entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição
privada de fins não lucrativos que
tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais,
científicos ou de assistências sociais, inclusive
mutualidade. O serviço voluntário não gera vínculo
empregatício, nem obrigação previdenciária ou afim.
O serviço voluntário
será exercido mediante a celebração
de termos de adesão entre a entidade e o prestador
de serviço, devendo dele constar o objetivo e a condição
de seu exercício.
Prevê , ainda, a lei a possibilidade de ressarcimento
ao prestador de serviço voluntário das despesas
que, comprovadamente, realizaram desempenho de atividades daquele
tipo. A Lei, não é imperativa, mas apenas de caráter
expositivo. Poderia ou não, ser utilizada pelas
Universidades, dado o ser caráter facultativo. Entretanto
alguns meses após
a sua publicação, a
UFRuralRJ instituiu no seu âmbito a prestação de serviços
voluntários através da Deliberação no. 20, de 22 de
outubro de 1998, do Conselho Universitário. Desta forma,
por tal ato, ficou oficialmente adotada a possibilidade de
utilização de serviço docente voluntário nas atividades
de ensino, pesquisa e extensão, podendo o agente utilizar
bens da UFRuralRJ para a realização de projetos específicos,
respondendo o permissionário por perdas e danos em caso de
mau uso dos mesmos. A lei prevê algumas restrições ao
professor voluntário: não integrar
colegiados, não exercer função gratificada ou cargo comissionado e, muito
menos, ser representante de classe da carreira docente.
Ao Departamento
acadêmico cabe o pronunciamento prévio se deseja, ou não,
utilizar-se de serviços voluntários. Por incrível que
pareça, no campo da educação, hoje altamente
comercializada no país por entidades privadas, há pessoas
interessadas em trabalhar gratuitamente e, também,
Departamentos que aceitam
tal tipo de prestação e a Administração da Rural,
por meio da Portaria no. 527/GR, de 9 de novembro de 1998,
estabeleceu os procedimentos necessários à formalização
do termo de adesão ao serviço voluntário, decorrente de
requerimento do interessado especificando, dentre outros
dados, a área de interesse, para a decisão final do
Reitor.
Há Departamentos,
na UFRuralRJ, que, não identificados com a luta dos docentes,
utilizam o trabalho voluntário, inclusive em cursos pagos
e, também, em convênios de interiorização onde os
docentes “voluntários” recebem bolsa. Entende-se como
uma tentativa de suprimento da falta de contratação de
pessoal efetivo que, ao mesmo tempo, mantém uma situação
artificial de expansão de vagas e alimenta a política
neoliberalista que aponta para a privatização e para o fim
da universidade pública.
Nesse momento
crucial por que passa o ensino público superior, a adoção
do voluntariado, mesmo com a capa da legalidade, nada tem de
heróico, apesar da catástrofe em que foi transformada a
educação. O trabalho gratuito é uma afronta às
reivindicações dos verdadeiros profissionais da educação,
sem reajuste salarial há quase sete anos, lutando por
melhores condições de ensino, pela não privatização da
escola pública e pela dignificação do magistério.
O trabalho voluntário
é descomprometido com a qualidade do ensino e gera
expectativa de contratação do prestador de serviço.
Nessas circunstâncias, sua utilização é imoral, antiética,
e representa uma traição à luta dos docentes por melhores
dias para a educação brasileira. |
|
Três Rios: o
debate continua
|
Aproximadamente
100 pessoas participaram do debate ocorrido em 13/9, em Três
Rios, onde se focalizou o processo de interiorização da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e seus efeitos
sobre a autonomia da instituição. Os convidados, Miguel
Angelo da Silva, ex-presidente da ADUR-RJ, José Cláudio,
professor de História do curso em Três Rios e Laélio
Nunes, chefe do Departamento de Letras e Ciências Sociais
focalizou os mais variados conflitos de interesses na experiência
e localizou como principais atingidos os estudantes.
Representantes dos discentes presentes ao debate
testemunharam suas apreensões, reclamando do que chamaram
de “abandono”. Várias intervenções acusaram a opinião
de que só são lembrados nos momentos de crise e de eleições.
Entre as
principais cobranças consta a necessidade de organização
de atividades culturais, que estimulem o pensamento crítico,
concorrendo para o estabelecimento de um ambiente próprio
de uma unidade universitária.
Ao final, foi
apontada a realização de uma mesa redonda para discussão
do convênio que institui a interiorização em Três Rios.
Nesta, todos os envolvidos deverão estar presentes: A Fundação
Três Rios (FETRI); a Reitoria da UFRRJ; a Secretaria
Estadual de Ciência e Tecnologia. A coordenação da mesa
será da ADUR-RJ. Este debate será organizado e informado
em uma próxima edição do Adur Informa. |
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