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Protestos no país
evidenciam rejeição à FHC |
A popularidade do presidente do apagão
despencou. A avaliação negativa de FHC, de 31% antes da
crise de energia, em março, foi para 45% em junho. A avaliação
positiva era de 26% e caiu para 19%, registrou pesquisa
Ibope- Confederação Nacional da Indústria
Os números se traduziram em enormes protesto nas
ruas em junho. Primeiro foi a vez do Rio, no dia 12, encher
a Avenida Rio Branco com mais de 35 mil pessoas protestando
contra o governo responsável pela crise energética e pela
instalação da CPI da corrupção. Depois, no dia 27, Brasília
protagonizou um protesto ainda maior. Mais de 60 mil
participaram da marcha “Uma luz para o Brasil”,
organizada pelo Fórum Nacional de Lutas por Trabalho, Terra
e Cidadania, integrado por entidade sindicais e estudantis,
movimentos organizados, como a CUT e o MST, acirrando a crítica
aos responsáveis pela crise do setor elétrico e pela operação
que impediu a instalação da CPI. Caravanas com centenas de
ônibus, levaram trabalhadores de todo país. As seções
sindicais do Andes-SN, como a ADUR-RJ, estiveram bem
representadas. Durante todo o protesto, que contou com o
enterro simbólico de FHC, o único incidente, um confronto
com um pequeno grupo de estudantes, ganhou proporção na
imprensa por conta do evidente despreparo da polícia do DF.
(Segue na página 2) |
Biologia tem
debate entre candidatos
Acontece nesta
quarta-feira, 4 de julho, às 16h, o primeiro debate entre os
candidatos à direção do IB. Três chapas concorrem ao pleito e
apresentam, no Anfiteatro do Instituto, suas propostas para os próximos
quatro anos:
Chapa 1- Interação (Roberto de Xerez e Maria Mercedes Teixeira
da Rosa); Chapa 2- Consolidação (Aurino Florêncio de Lima e José
Roberto Pujol Luz); Chapa 3- Credibilidade (Marcos Antônio José
dos Santos e Hélcio Resende Borba).
O processo, porém, começou
um pouco conturbado. Tão logo o Conselho Departamental formou a
comissão eleitoral, esta optou por introduzir uma inovação: a
mesma história dos 70%, para respeitar a famigerada lei 9192/96,
como se isso fosse necessário. Houve reação e mobilização da
comunidade. O Conselho Departamental decidiu consultar
professores, estudantes e servidores para aferir o critério
desejado. Com isso, o processo de consulta a ser conduzido pela
comunidade será paritário. Uma nova comissão eleitoral foi
definida pelo CD.
Festa
Julina da ADUR
Quinta-feira, 5/7, a
partir da 17h
NO ESTACIONAMENTO EM FRENTE À SEDE - QUADRILHAS, BRINCADEIRAS
E MUITO FORRÓ.
ESTE É UM MOMENTO DE CONFRATERNIZAÇÃO E DESCONTRAÇÃO DOS
PROFESSORES E TODA A COMUNIDADE.
COM A PARTICIPAÇÃO DO GRUPO XAXADO PRA LUA.
Reitor
nomeia pró-tempore na Zootecnia (página 3).
Página
2
Editorial
Democratizar o poder tem
sido, pelo menos nos últimos duzentos anos, uma preocupação
constantes de variadas doutrinas presentes nas sociedades
civilizadas. É uma luta permanente que travamos também na
universidade. A eleição é um dos mecanismos para a democratização
da Universidade, em particular a eleição paritária. Representa
a oportunidade para os dirigentes se colocarem e assumirem
compromissos. Permite amálgamas e enriquecimentos que só a
interação com professores, técnico-administrativos e estudantes
pode proporcionar.
A eleição paritária não
é, em primeiro lugar, a panacéia para todos os males. E é bom
que se diga: não preconiza a igualdade entre os segmentos. A
paridade, por si só, provoca a multiplicação virtual do
docente, tornando-o igual, em peso de voto, às categorias mais
numerosas. É um critério que afirma a igualdade não como
realidade absoluta, mas como equivalência de representação dos
segmentos universitários. A paridade, como conseqüência,
promove participação e engajamento nos debates e projetos.
Proporciona governabilidade e confere legitimidade como poucos
critérios o fariam.
Há aqueles que condenam
a paridade como método. Na verdade, questionam mesmo as eleições
como meio de participação da comunidade nos processos decisórios
da universidade. Lembram, assim, um passado recente onde grupos
sintonizados com o poder do Estado perpetuavam-se a frente das
universidades, submetendo sua autonomia a interesses externos. Em
troca, utilizavam-se do poder local sem o menor constrangimento.
Estes grupos, derrotados na onda democrática da década de 1980,
deram lugar a outros grupos que pelejam no obscurantismo pelo
poder. Não lhes basta o poder nos colegiados, decanias,
reitorias, pró-reitorias, nos projetos de pesquisa, entre outros
espaços. Na sede de concentrar mais poder, denunciam as eleições
paritárias como supostos mecanismos corporativistas para, na
verdade, instituir a cada dia o predomínio, não do segmento
docente, mas de uma suposta elite reprodutora dos interesses do
mercado no meio acadêmico e do clientelismo como prática política.
Afirmar que os docentes
devem ter a primazia dos processos decisórios é, antes de tudo,
potencializar a multiplicação virtual que a paridade já
institui. É produzir insatisfação, desequilíbrio e, pior,
ilegitimidade para os dirigentes universitários. Afirmar, por
outro lado, que os docentes tem que tomar as rédeas para evitar
tumultos e práticas clientelistas é esquecer que, infelizmente,
são alguns docentes que em nosso meio promovem tais espetáculos.
Do esquecimento para a confusão é um pulo. Jovens em formação,
buscando capacitar-se profissionalmente e qualificação para a
vida, são identificados como “clientes”, como se fosse
a universidade pública um ambiente comercial. Da mesma forma técnicos-administrativos,
que compõem um segmento amplo de profissões, onde são exigidos
criatividade, conhecimento, dedicação e, sobretudo, compromisso,
são qualificados equivocadamente de “suportes”.
Os episódios nos Institutos
de Biologia e Zootecnia fazem a gente pensar. Demonstram que a
comunidade está disposta a reagir às tentativas de se impor
refluxos às nossas conquistas democráticas. Temos, por isso
mesmo, a expectativa de que os processos em curso reafirmarão
essa disposição. Na Biologia, debates de bom nível, eleições
tranqüilas e nenhuma tentativa de golpe. Na Zootecnia, a confiança
de que a direção pró-tempore, assim como o Conselho
Departamental, uma vez vencida as tensões, respeitarão a vontade
da comunidade e o processo democrático.
Farsa e crise
Há quase 18 meses o
governo FHC era reconduzido ao poder. Concorreu para isso a onda
de terror espalhada pelos estrategistas do Planalto, que
vinculavam a continuidade de Fernando Henrique como a panacéia
que nos livraria da instabilidade econômica que acometia países
em desenvolvimento, em particular na América Latina. A farsa, porém,
chegou ao fim. E o saldo não é nada animador.
A crise econômica
é geral
Em meio a um processo de
esgotamento das potencialidades neoliberais, nem os Estados Unidos
da América estão livres da recessão. O crescimento econômico
no país registrou, no primeiro trimestre, índice de 1,2%,
representando forte recuo. Foram longos períodos de crescimento a
uma taxa de 4% ao ano. Ladeira abaixo, a expectativa para o
segundo trimestre é de 0,5%.
A conta da prosperidade
do chamado primeiro mundo já havia sido paga pelo clube dos
desafortunados do chamado terceiro mundo. O desmantelamento da
economia de países como Argentina, Venezuela e Brasil, com fortes
índices de desemprego e crise social iminente, são marcas desse
processo. Ao que tudo indica, porém, ainda não acabou.
Crise de
energia expõe governo
No Brasil, a lua-de-mel
da população com Fernando Henrique acabou faz tempo. Os
primeiros sinais do divórcio, que já se anunciavam com as
sucessivas denuncias de corrupção, ganharam traços definitivos
com a chamada crise do apagão. Obrigando a população do país a
um racionamento de energia na ordem de 20%, FHC já é conhecido e
reconhecido como Príncipe das Trevas. A desculpa oficial, como se
sabe, é que o nível de água nos reservatórios baixou. A
verdade, porém, é outra.
O acordo com o FMI, com
suas metas de cortes de gastos públicos, proibia investimentos
nas estatais. O resultado é que em 11 anos, de 1989 a 2000, o
investimento em energia caiu de R$ 20 bilhões para R$ 3 bilhões,
como atesta o ex-ministro do governo Collor, José Goldemberg, em
artigo recente na Folha de São Paulo. Enquanto isso, Fernando
Henrique e sua turma abriam as porteiras do país a novas instalações
multinacionais, geralmente com subsídios que muitos pais negariam
aos filhos. Basta lembrar o episódio da Ford na Bahia.
Em sua incompetência, o
governo bolou um estratagema no qual 31 hidrelétricas e termelétricas
seriam construídas por capital privado. Nem dona Carochinha foi
avisada dessa história e, claro, faltou “voluntários” para a
empreitada.
Crise com a
privatização
O governo privatizou a
maior parte das distribuidoras de energia elétrica (Light,
Eletropaulo, e luta agora para entregar Furnas). O resultado é
que 78% da geração, processo mais dispendioso, está sob
controle estatal. 65% da distribuição, o negócio rentável, está
privatizada. E o negócio pode ser ainda melhor. Isso por que
existe, na legislação do contrato entre empresas de geração e
distribuição um item, chamado de anexo 5, no qual se prevê que
a geradora terá que pagar à distribuidora pela energia não
utilizada por conta do racionamento. A cotação do Mwh
a ser paga pela geradora
é de R$684. Se a empresa distribuísse normalmente
receberia R$66 por Mwh, 10 vezes menos.
Crise política
Em meio a toda essa
trapalhada, é natural que o nome FHC seja
sinônimo de tristeza. Não só para os milhares de
trabalhadores que perderão, inevitavelmente, o emprego, ou para a
maioria da sociedade que não está livre, mesmo com o
racionamento, dos prováveis apagões nas grandes cidades.
A tristeza ronda também
o ambiente político. Aliados do governo, como o presidente do
senado Jáder Barbalho, experimentam o ocaso do esquema FHC. É o
salve-se quem puder. Da mesma forma, uma vez deflagrada a corrida
presidencial, os candidatos identificados com o governo tem um
desempenho pífio. Lula continua liderando as intenções de
votos, segundo o Data-Folha, em pesquisa de 25 a 28 de junho, em
348 cidades. Ele ultrapassa agora os 30% de votos, mais que o
dobro do segundo colocado, Ciro Gomes. O tucano José Serra tem
8%, bem atrás de Ciro, Itamar (12%), Garotinho (11%). O outro
candidato tucano que aparece na pesquisa é Tasso Jereissati, com
3% das intenções de votos.
A estigmatização do
PSDB como partido do governo, porém, não é suficiente para
desencorajar aves de rapinas como Paulo Renato, Pedro Malan,
Geraldo Alckmin, entre outros, que também sonham com a faixa
presidencial.
É preciso que os movimentos
organizados continuem numa forte pressão, no dia-a-dia das ruas,
para que a experiência com esse governo seja abreviada o mais
breve possível, revertendo esta orientação política que
entregou o país.
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3
IZ: REITOR NOMEIA
PRÓ-TEMPORE MAS COMUNIDADE QUER O ELEITO
Já dura dois meses a polêmica e a
homologação das eleições do Instituto de Zootecnia ainda
permanece sem definição. O Conselho Departamental ainda não
elaborou a lista tríplice para que o reitor escolha o novo
diretor. Sem a lista, o reitor José Antônio acabou por nomear
uma direção pró-tempore. A escolha recaiu, então, sobre o
professor Fernando Curvello, Adjunto e ex-chefe do Departamento de
Produção Animal. Ele terá um vice pró-tempore, João Batista
Rodrigues de Abreu, professor adjunto I, da área de pastagem.
Surpresa
Tranqüilo e com a voz pausada, Fernando
Curvello diz que foi apanhado de surpresa com a nomeação.
Afinal, havia poucas semanas ele havia deixado a chefia do DPA e
desconhecia a legislação utilizada pelo reitor, dando-lhe condições
de ser nomeado pró-tempore mesmo não sendo o chefe mnais antigo
em atividade no Instituto. José Antônio Gouveia combinou o
artigo 14 do Regimento Geral e o decreto 1916, de 23/5/1996, de
autoria do MEC, para nomeá-lo. Uma saída política, uma vez que
Curvello, segundo o depoimento de vários de seus colegas, é uma
pessoa que usufrui de ótimo conceito entre seus pares.
O reitor, ao nomear os dois professores,
definiu como incumbência dos mesmos a preservação das
atividades institucionais do IZ e a conformação de condições
para que o Conselho Departamental do Instituto elabore a lista tríplice.
Curvello, antes de aceitar a nomeação, solicitou que tais
orientações fossem publicadas no semanário da Reitoria, junto
com a nomeação.
O diretor pró-tempore assumiu na última
quarta-feira, 27/6, e se podia sentir o ambiente mais ameno. As
faixas de protestos foram retiradas e, pelos corredores, se falava
na perspectiva de uma solução breve para o impasse. A escolha do
reitor, ao que parece, agradou a comunidade, mas a
responsabilidade do diretor pró-tempore é grande. “A minha
vontade era reunir (o Conselho Departamental) no dia seguinte, mas
sabemos que ainda não temos o melhor ambiente para que tal coisa
aconteça”. Fernando acredita que, em pelo menos 15 dias, a
situação já estará normalizada. Quando acontecer, será hora
de se apostar numa nova reunião do conselho; “Minha expectativa
é conversar com cada conselheiro e ir construindo essa
possibilidade”.
“Conselho
é soberano”
Em meio a inúmeras atividades, João
Batista de Abreu, vice diretor pró-tempore, também se disse
surpreso com a nomeação. Ele demonstra, porém, aceitação em
realizar esta tarefa em momento tão delicado. Na sua opinião, três
coisas devem ser feitas no próximo período: “Garantir o
funcionamento do IZ como, por exemplo, nosso laboratório-fazenda;
reformular a composição do Conselho Departamental, com a eleição
do chefe do Departamento de Produção Animal (DPA) e, por fim,
instalar o CD para a elaboração da lista tríplice”.
Perguntado sobre qual deve ser o critério a ser seguido pelo
Conselho Departamental, João Batista disse não poder opinar:
“o Conselho é quem deve opinar. Ele é soberano sobre essa
questão”.
comunidade ou legislação
A grande questão, porém,
ainda está para ser resolvida. O que prevalecerá na elaboração
da lista tríplice? O compromisso em acatar o resultado da
consulta à comunidade ou a lógica da Lei 9.192/97 após as eleições?
A lei se aplica naqueles processos conduzidos pelos colegiados
institucionais. Nos processos conduzidos pela comunidade não há
necessidade. Foi baseado nessa lógica que o reitor da UFRRJ,
prof. José Antônio foi eleito e reeleito para o cargo. É por
isso que o debate no IZ ganhou contornos de polêmica. A
comunidade encara a imposição do critério legal como “virada
de mesa”.
Todavia, há vozes que
discordam. Carlos Augusto de Oliveira, professor auxiliar de
Instalações Zootécnicas é membro do Conselho Departamental.
Perguntado sobre se o Conselho Departamental deve se reunir para
elaborar a lista tríplice, ele afirma que o Conselho
Departamental já tomou uma posição. “Frente aos casuísmos no
IZ, o Conselho já decidiu entregar a decisão desta questão ao
Conselho Universitário”. Segundo Oliveira, esta decisão consta
em ata e aguarda sua publicação pela decania de assuntos
administrativos nos meios de comunicação da Rural. Carlos
Augusto opina, porém, que o processo eleitoral foi tumultuado e
fugiu-se aos debates de propostas e idéias, caracterizado por uma
típica “política de interior”. Contra isso, na sua opinião,“cabem
aos professores assumirem os rumos acadêmicos e, em conseqüência,
administrativos da universidade”. Sobre o papel dos estudantes e
servidores, Oliveira opina que os primeiros estão na univesidade
para estudar. “Eles são nossos clientes”; e os servidores, em
sua opinião, “são os nossos suportes”. Portanto, a seu ver,
cabe o respeito à lei.
Princípios democráticos
Nelson Mattos, o candidato
mais votado no pleito, afirmou para o ADUR Informa que nos últimos
dois dias o clima já mudou no IZ. Segundo ele, a comunidade tem
certeza que o diretor pró-tempore tudo fará, pela sua história,
pela reafirmação dos princípios democráticos reclamados pela
comunidade. O nomeado Fernando Curvello, por sua vez, diz que fará
tudo exatamente como o reitor o orientou em sua função de pró-tempore,
mas que já havia tomado sua posição e faz questão de
reafirmar: “Sou a favor de que o Conselho Departamental, quando
se reunir, homologue o resultado decidido pela comunidade. E nesta
questão não estou acompanhado apenas pelos que defendem a
paridade. Há muita gente que acha que o professor tem que ter 70%
de peso nos votos; todavia, para que este critério possa valer,
tem que ser acordado antes das eleições”.
Edição esgotada
Considerando a opinião
da comunidade, a edição anterior do Adur Informa
foi sucesso de crítica e público. Os exemplares eram disputados
por todos aqueles que queriam saber da crise no Instituto de
Zootecnia. Em várias unidades observamos comentários favoráveis.
Na opinião das pessoas, o Adur Informa prestou um
serviço relevante para a comunidade, denunciando um problema
grave em relação à democracia na instituição e ajudando a
integrar todo o campus no processo de resistência empregado pela
comunidade do IZ.
Esta é a proposta da
diretoria da ADUR: fazer do seu informativo um porta-voz da
comunidade e relatar, sempre com fidelidade aos fatos,
iniciativas, propostas, ações e decisões da comunidade e
daqueles que detêm o poder na Rural.
Contribua com o Adur
Informa. Caso você julgue relevante alguma informação
ou opinião escreva-nos uma carta, e-mail ou ligue para a sede da
Adur. Basta consultar o expediente.
Página
4
De olho na Mídia
Estatísticas
da eficiência
O
jornal “O Estado de SP” considerou, em editorial recente, as
Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) ineficientes.
Conseqüentemente, classificou de equivocada a decisão
governamental de autorizar o provimento de 2 mil vagas de
professores mediante concurso publico, elevar os salários de
funcionários tecnico-administrativos e dar flexibilidade à alocação
de recursos.
Francisco
César de Sá Barreto, reitor da UFMG e Jacques Schwartzman,
diretor da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa/UFMG,
rebateram a opinião do “Estadão” em artigo enviado ao “JC
E-Mail” Mais do que
contrapor as medidas para questionar “os enganos” daquele órgão
da imprensa, eles defendem o sistema universitário público
federal.
Déficit
de professores e aposentadoria
Segundo
Barreto e Schwartzman, em abril de 1998 as Ifes acumulavam um déficit
de oito mil vagas docentes. Receberam autorização para o
provimento de 2.100, pouco mais de 1/3 do necessário para repor pessoal docente.
As
Ifes são acusadas de “incompetentes” pelo “Estadão” por
destinarem aos aposentados e ao pagamento de precatórios 1/3 de
seus recursos de pessoal. Barreto
e Schwartzman lembram que as
aposentadorias integrais são provenientes do RJU, que é
de 1990 e abrange toda a administração federal; por outro lado,
os precatórios são resultados das trapalhadas jurídico e
financeiro de sucessivos governos e seus pacotes.
Custo de alunos
O
editorial estima o custo do aluno de graduação em 8,4 mil dólares,
em 1998. Não esclarece como se apropriou o custo destes alunos; não
se sabe se foram retirados os custos da pós-graduação, pesquisa
e hospitais universitários.
Política cambial
Os
professores denunciam a artimanha de utilizar dados de 1998,
lembrando que em janeiro de 1999 o real foi fortemente
desvalorizado. “Se usássemos a taxa cambial de hoje (2,30
R$/US$) e não a de 1998, que foi no máximo de 1,20 (RS$/US$),
teríamos um custo por aluno de 4,3 mil dólares”. Na visão do
“Estadão”, portanto, eficiência
tem a ver com a política cambial.
Relação aluno/professor
O
“Estadão” afirma ainda que a relação de 8,7 nas federais é
considerada muito baixa quando comparada a Universidades
particulares (18), às estaduais paulistas (14) e às estrangeiras
(17,6). No entanto, os dados para
2000 mostram que as Ifes tem 541 mil alunos matriculados
(sem contar os de extensão) e 42 mil professores, o que eleva a
relação para 12,9.
Barreto
e Schwartzman acreditam que este número não pode ser comparado
com o das instituições privadas “onde praticamente não existe
pesquisa, nem pós-graduação stricto sensu e onde há poucos
cursos com baixa relação aluno/professor”. As Escolas de
Musica, por exemplo, só encontram ambiente nas públicas. A relação
é de 1/1 e não pode ser diferente.
A
comparação com Universidades estrangeiras também é perigosa
porque o conceito de professor é na maioria delas, estrito. Nos
EUA, por exemplo, professores não estáveis não são
considerados docentes, embora sejam responsáveis por uma parcela
significativa da atividade de ensino.
Aumento de receita?
O
ultimo falso argumento que os autores desmontam se refere à
afirmação de que a dotação orçamentária teria crescido de
6,5 bilhões de reais em 1995 para 8,2 bilhões em 1999. Ao
deflacionarmos este numero chegaremos à conclusão de que, em
termos reais, o orçamento diminuiu nesse período. Não é outra
a causa da dificuldade atual de manutenção das Ifes. Apesar
disso, entre 1995 e 2000, as matriculas aumentaram 32% na graduação,
28,4% nos cursos de mestrado e 77,7% nos de doutorado.
A verdadeira disputa
Os autores, porém, retomam a
discussão de que a verdadeira questão é outra. “O que
interessa examinar é a qualidade dos cursos de graduação e pós-graduação,
a relevância das atividades de pesquisa e o envolvimento
produtivo com a sociedade”. Para os articulistas, não faz mais
sentido examinar quase que exclusivamente os meios (a eficiência,
a produtividade, etc.) sem dar a maior atenção aos fins (a
qualidade da atividade acadêmica).
42º Conad
superou expectativas
Terminou dia 1o de julho, o 42º
Conselho Nacional do ANDES-SN (CONAD), realizado em Uberlândia
(MG) desde 28 de junho, reunindo cerca de 150 professores de todo
o país, representando 56 seções sindicais. Irlete Braga e
Delson Lima representaram a ADUR-RJ. Segundo o presidente do
ANDES-SN, Roberto Leher, ultrapassou as expectativas.
Politicamente, avançou sobre um plano de lutas bem construído
que incorporou contribuições da reunião do setor das federais,
“com decisivo sinal para o fortalecimento da luta em defesa da
universidade pública”, frisou.
A agenda pressupõe a
construção da greve do setor da educação mas, no tocante a
elaboração de um calendário, Leher lembrou a dificuldade -
inerente ao período entre o final de julho e agosto, com boa
parte das universidades federais em férias - de sincronismo com a
FASUBRA, que já tem indicativo de greve para final de julho.
Ainda assim o CONAD foi enfático em afirmar o estreitamento de
agendas com estudantes e FASUBRA. Nessa direção, o encontro
apontou indicativo de greve de advertência, a ser deflagrado
entre os dias 1 e 4 de agosto, reafirmando a disposição pela
unificação e construindo bases mais sólidas para o início de
setembro, onde se pretende fazer uma segunda greve de advertência,
por tempo determinado.
Servidores Públicos
Federais
A plenária dos SPF, dia
29, retomou a proposta de construção da greve unificada na
agenda política, com indicativo para 1 e 2 de agosto e nova plenária
logo no dia 5. “A perspectiva de unificação da greve dos
servidores federais está posta no cenário, ainda que vá
demandar muita discussão para saber qual caminho trabalhar”,
avalia o presidente do ANDES-SN. O movimento de categorias como
FASUBRA, Seguridade Social e Previdência, com indicativos para
agosto, podem servir como elemento no debate. A reunião do setor
das federais dia 5 de agosto vai avaliar a paralisação e
atualizar o calendário. “Segundo os reitores e a FASUBRA, o
projeto do emprego público vai para o congresso em agosto. É o
elemento que a gente entende como detonador de uma greve”,
avalia Leher.
O mundo perde
Milton Santos
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Faleceu no último dia 24/6 o geógrafo Milton de Almeida
Santos, 75 anos. Formado em Direito pela UFBA, tornou-se
doutor em Geografia pela Universidade de Estrasburgo, na
França, em 1958. Foi jornalista do jornal A Tarde e nessa
função foi perseguido pela ditadura em 1964. Obrigado a
deixar o país, firmou-se na Europa como um dos maiores
intelectuais do século XX. Retornou em 1997 para lecionar
na USP, onde foi professor emérito.
Ao longo de sua vida publicou 40 livros e 300 artigos.
Recebeu 20 títulos honoris causa mundo afora e foi
consultor de inúmeros órgãos das Nações Unidas. Crítico
contumaz da Globalização, atribuia-lhe a caracterísitica
de um fenômeno perverso. “Beneficia poucas pessoas e
maltrata a maioria da Humanidade”. Mais um guerreiro da
causa dos excluídos que deixa nosso convívio. |
Créditos
- Nas duas últimas edições, nosso jornal contou
com a colaboração de Ricardo Cruz, funcionário da Adur,
que nos cedeu duas fotos suas: a de Luzia, na matéria de
seus 10 anos na entidade, e a da festa dos 22 anos da
Associação. Só faltaram os créditos. Obrigado,
Ricardo! A Redação. |
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