OF. CIRC. Nº 076/2001.
Brasília, 19 de março de 2001. DA: Presidência PARA: Seções Sindicais,
Diretores e Secretarias Regionais ASSUNTO: Relatório da Reunião ANDES-SN/MEC-SESU Companheiros(as): Segue,
em anexo, relatório da reunião do Andes-SN com o MEC-SESU,
realizada em 15 de março do corrente. O
Secretário da SESU, ao atender, finalmente, as reiteradas solicitações
de audiência feitas pelo Andes-SN, cumpriu apenas um ritual burocrático.
Ritual cuja finalidade era não se expor à crítica de que falta disposição
de diálogo, por parte do Executivo, em relação a abertura de negociações
a respeito da pauta protocolizada pelo Sindicato Nacional. Por meio do anúncio
de medidas, convencionadas como um “pacote”, procurou demonstrar que
está agindo na solução dos problemas da Universidade e da categoria,
quando, na realidade, procura firmar as bases do projeto neoliberal para a
educação. Assim, não causou surpresa o desenrolar da reunião. Em
linhas gerais, afirmou que não há espaço para qualquer política
diferente da encaminhada pelo Governo. A política de emprego público
prossegue em construção, devendo ser apresentada ao Congresso por volta
de abril. O
fato novo, importante para a avaliação política do movimento, é o
“Pacote de Abril”. Presenciamos, novamente, o retorno dos
“pacotes”, desta vez com medidas que, se concretizadas, poderiam
“atender” parcialmente as reivindicações do movimento docente, como
a realização de concurso público no RJU (para o MEC esta seria a última
vez). Na fala do Secretário, esta medida não está garantida, pois
encontra-se em discussão em outras esferas do Executivo. É preciso
registrar que o MEC está ciente que o movimento docente está se
preparando para um enfrentamento forte. Assim, não devemos descartar a
hipótese de que o referido “Pacote” pode ser uma medida (real ou
virtual) para frear o crescimento do movimento docente. Será que o anúncio
da possibilidade de concursos no RJU teria sido apresentada se não
houvesse a perspectiva de greve? No
geral, não há indicação de que as reivindicações dos docentes sejam
encaminhadas pelo MEC. A responsabilidade do movimento docente é ainda
maior. A educação superior é a área que sofreu os maiores cortes,
podendo chegar a 40%. A presença de um grande número de professores, técnico-administrativos
e estudantes, irá sinalizar a disposição de defesa do ensino público,
gratuito e de qualidade. Devemos, por conseguinte, prosseguir em nossa
mobilização, fortalecendo as manifestações do dia 28 de março e
envidando todos os esforços para que a “ Marcha sobre Brasília” no
dia 05 de abril seja um marco na alteração da correlação de forças
dos movimentos com o governo. As recentes medidas tomadas pelo FMI e por
seus aliados na Argentina sinalizam as possibilidades vistas por aqueles
organismos não apenas naquele país mas em toda a AL Sendo
o que tínhamos para o momento, enviamos nossas cordiais Saudações
Sindicais e Universitárias Prof.
Roberto Leher Presidente Relatório da
Audiência do ANDES-SN com o Secretário da SESu/MEC – Brasília,
15 de março de 2001. I
- Presentes: a)
Pelo MEC: Antônio Macdowell de Figueiredo e Valente b)
Diretoria: Roberto Leher, Fernando Molinos Pires, José Domingues Godói
Filho, Cristina Mendes, Antônio Luís de Andrade, Lena Figueiredo. c)
Pelo CNM: Osvaldo Maciel (Apufsc) II
- Abertura:
A reunião foi aberta pelos representantes do ANDES-SN com a apresentação
circunstanciada da proposta de Pauta para discussão na audiência. III
- Pauta: 1)
Interlocução com o Executivo, através do MPOG: questionamento do
fato do MEC não ter apresentado o seu
representante, tendo em vista o grave problema salarial dos
docentes. 2)
Emprego público e carreira; 3)
Docentes da carreira de 1o e 2o graus- GID 4)
Substitutos 5)
Concurso público no RJU 6)
Verbas para Outros Custeios de Capital 7)
CEFET e escolas técnicas e agrotécnicas vinculadas 8)
PET- Tutores e o futuro do programa 9)
Reforma do ensino médico: ações do Ministério da Saúde IV-
Relato da audiência 1) O representante da SESU,
prof. Figueiredo, afirmou que não há indisposição da SESU para diálogo.
A Secretaria não recebeu qualquer solicitação de participação na mesa
setorial. Os representantes do ANDES-SN registraram que, em virtude de não
ter sido possível avanços concretos nas conversações com o Ministério
do Planejamento, os servidores federais, por meio da CNESF, estarão
promovendo atos no dia 28 de março e em 05 de abril (Marcha sobre Brasília)
como parte da campanha salarial que poderá levar à retomada da Greve dos
SPF, conforme avaliação das entidades a ser feita na Plenária dos SPF
(07/04). 2)Emprego Público e Carreira: Os
representantes do ANDES-SN registraram que os eventos deliberativos do
Sindicato e, em especial, o 20º Congresso, ratificaram a posição de que
a luta contra o emprego público poderá ensejar um movimento forte de
enfrentamento com o governo. A avaliação do movimento será definida em
rodada nacional de AG, entre os dias 19 e 23 de março. Foi registrado,
ainda, a defesa da realização imediata de concursos no RJU. O
representante do MEC registrou que não via problemas no regime de CLT
quanto à estabilidade e que, no que diz respeito a Previdência Social, o
MEC está inserindo em sua proposta um parágrafo no Art. 2º (que trata
da Previdência) para assegurar a previdência complementar com
contrapartida do Governo. Registrou, ainda, que o emprego público é uma
posição do Governo justificada pelos impactos previdenciários do RJU, a
que o MEC se submete. Os
representantes do ANDES-SN apontaram que o problema da estabilidade é
concreto, havendo situações de perseguição política na história
recente do país (vide casos UnB em 1965-66, cassações “brancas”
etc.) e na atualidade, como as perseguições a docentes em estágio
probatório, sindicalistas etc. Foram apontados outros sérios problemas
da CLT, como: a mudança do caráter de servidor dos direitos da cidadania
para a de empregado submetido a um patrão, a perda da aposentadoria
integral, a coexistência de dois regimes e os problemas funcionais e
administrativos dela decorrente, a carreira do PUCRCE em extinção, entre
outros. Os
representantes do ANDES-SN apresentaram ao Secretário a versão do
Anteprojeto de Emprego Público de 22 de janeiro a que tiveram acesso e
indagaram se esta era a versão trabalhada pelo MEC. O Secretário afirmou
que existe uma versão mais recente. No entanto, ponderou que não
repassaria agora para conhecimento público pois a mesma será alterada
ainda na próxima semana. Perguntado se repassaria uma cópia ao ANDES-SN,
afirmou que as administrações teriam acesso ao documento no final da próxima
semana. Envio
ao Congresso: o Secretário afirmou que é objetivo do MEC enviar até o
final de abril. Antes de ser enviado haveria reunião com Andifes e com as
entidades (ANDES-SN e Fasubra), porém apenas uma reunião. Como
balanço da questão, os representantes do ANDES-SN deixaram claro que a
questão opõe governo e movimento, pois há posição congressual contra
o emprego público. As formas de luta contra a medida estarão sendo
discutidas na rodada nacional de AG e a disposição é construir um
enfrentamento forte contra o governo.
Carreira:
Os representantes do ANDES-SN registraram que o 20º Congresso deliberou
pelo fortalecimento da luta pela Carreira Única do ANDES-SN, reivindicação
fundamentada em problemas como a quebra da isonomia entre os docentes da
carreira de 1o e 2o graus e os de terceiro grau e da
paridade entre ativos e aposentados/ pensionistas. Representante do MEC: A
proposta de carreira do MEC é apenas para os
novos docentes celetistas e está sub-dividida em 3 carreiras:
Educação Superior, Educação Básica e Professor Associado.
Questionado sobre as diversas carreiras presentes no Anteprojeto
MEC, o professor Figueiredo citou a orientação da LDB – diferenciando
o que é nível de ensino e modalidade – aí situa o problema da Educação
Profissional e do Ensino Básico das IFES (CAPs.). Cada Instituição
poderá definir a alocação da vaga na carreira de Ensino Básico ou do
Magistério Superior, conforme o seu perfil institucional. Questões que
prosseguem em discussão no MEC: Quanto
a política de valorização no ingresso da carreira – titulação (dúvidas,
exigências entre Mestrado e Doutorado) – ele disse depender da abrangência
das áreas. No
que se refere ao regime de trabalho: afirmou que o regime de 20 horas é
ficção e justificou a figura do professor associado (12 horas) para
atender aos profissionais que podem colaborar com as Universidades mas não
podem ter maior dedicação. Sobre
a situação da carreira em extinção. O representante do MEC afirmou
que, de fato, o RJU será um regime em extinção nas IFEs. Apesar de não
haver propostas de mudança na carreira no RJU, o Secretário acredita que
“naturalmente” ela será modificada nos mesmos moldes da carreira no
emprego público. Os
representantes do ANDES-SN reiteraram que a proposta do MEC é antagônica
a do Movimento Docente. Para o Sindicato a carreira faz parte do projeto
de universidade com padrão unitário de qualidade e, por isso, deve ser
única, no RJU. 3) GID: Os representantes do ANDES-SN
manifestaram a posição congressual da entidade de que o valor econômico
da GED deve ser incorporado, em seu valor máximo, para todos os docentes
–tanto os da carreira de 1o e 2o graus como os de
terceiro grau. O secretário afirmou que, de fato, a GID e a GED não são
boas estratégias, pois pesam demais no salário. No entanto, a política
de gratificações definida pelo Governo é esta (para evitar impacto na
folha dos aposentados). Não vê possibilidade de mudança nesse quadro. Os representantes do ANDES-SN
manifestaram a crítica a postura do MEC, deixando claro que este
ponto será objeto de enfrentamento do movimento com o governo
federal. 4) PET – O MEC tem nova
proposta que dá novo direcionamento estratégico com relação às
licenciaturas e fará uma reunião na próxima semana com a Comissão de
Carreira do Senado. Os representantes do ANDES-SN registraram que o
pagamento aos tutores pelo MEC terá de ser feito e que as modificações
no programa devem ser amplamente discutidas. 5) Reforma do ensino médico/HUs
– os representantes do MEC afirmaram desconhecer qualquer proposta de transformar servidores dos HUs em servidores do
Ministério da Saúde e disseram ignorar a proposta do Ministério da Saúde
que está sendo apresentada às universidades com a intenção de
estimular reformas do ensino médico. 6) PACOTE DE ABRIL O Secretário afirmou que o
Governo pretende editar um pacote com medidas para a Universidade até o mês
de abril, entre as medidas mais importantes, destacou: I
– Remuneração Adicional dos Funcionários (RAM) II
– Contratação de docentes – RJU: abertura de vagas em montante próximo
a 1/3 do número de Substitutos (algo como 2 mil vagas), porém a medida
ainda depende da avaliação de outras esferas de Governo. III
– Verbas – OCC: o governo estaria alocando R$ 170 milhões
provenientes do “Fundo dos Fundos” para a melhoria da infra-estrutura
das IFES e também para Instituições de Pesquisa (mais para as Instituições
Federais), em um período de 2 anos. Além disso, a SESU estaria
repassando R$ 50 milhões para as IFES (8 milhões para o PET). V-
Possibilidade de abrir vagas para titular. As medidas do Pacote foram
apresentadas em curto espaço de tempo, pois o horário da audiência já
havia ultrapassado a previsão inicial. Deste modo não houve tempo para
uma discussão das mesmas. Argüido se o “pacote” previa a incorporação
da GAE aos salários, respondeu: GAE, o que é isto? Brasília, 19 de março de 2001 |
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